Diário de Mercado na 5ª feira, 18.10.2018
Azedou o humor tanto com cenário externo, como com doméstico
Comentário.
Notícia ruim chega rápido! A elevação da aversão ao risco adveio, inicialmente, do cenário externo, mas, depois foi incrementada por boatos domésticos, levando o Ibovespa (-2,24%) a encerrar praticamente na mínima do dia e com firme volume financeiro.
Em suma, os agentes pioraram sua percepção global hoje. Além de ainda estarem digerindo a ata do Fomc nos EUA – considerada mais agressiva em relação à futuras movimentações dos juros pelo Fed, os investidores viraram seu mau humor contra o cenário externo, que incluiu críticas da comissão europeia sobre o plano de orçamento da Itália, levando o spread (diferença) entre os títulos de 10 anos italiano e alemão a sua maior diferença desde maio de 2013.
De outra mão, a visão de arrefecimento da economia chinesa – cujo PIB 3T18 será divulgado nesta próxima madrugada, adicionou mais incerteza. Ademais, ainda existe temor de complicações da relação entre Estados Unidos e Arábia Saudita por conta do desaparecimento de um jornalista opositor ao regime árabe.
Ilan Goldafajn de saída
Já internamente, foram ventilados rumores que o atual presidente do Banco Central do Brasil Ilan Goldafajn, estaria de saída, não permanecendo no próximo governo. Neste panorama, o dólar comercial subiu, assim como as taxas de juros futuros.
Ibovespa.
O índice navegou durante toda a sessão em terreno de baixa, aprofundando a queda paulatinamente e encerrando praticamente na mínima. Vale e o setor de siderurgia recuaram firmemente muito em razão da perspectiva ruim dos agentes em relação aos dados chineses a serem divulgados nesta noite, PIB entre eles. Na outra ponta, apenas 14 dos 65 papéis avançaram.
O Ibovespa fechou aos 83.847 pts (-2,24%), acumulando alta de 1,12% na semana, 7,07% no mês, 9,74% no ano e 9,47% em 12 meses. O giro financeiro preliminar da Bovespa foi de R$ 12,3 bilhões, sendo cerca de R$ 11,9 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
No dia 16 (último dado disponível), houve saída líquida de capital estrangeiro em R$ 710,597 milhões da bolsa, acumulando agora saldo positivo em outubro em R$ 395,398 milhões. Em 2018, há superávit de capital estrangeiro em R$ 689,997 milhões.
Agenda Econômica.
Nos EUA, os pedidos semanais de seguro-desemprego registraram uma queda de 5 mil no número de pedidos iniciais, ficando em 210 mil na semana do dia 13 de outubro, de acordo com o Departamento do Trabalho norte-americano. Já o número de pedidos continuados caiu para 1,640 milhão até a semana do dia 06 de outubro, assinalando o menor nível desde 1973.
Câmbio e CDS.
O dólar comercial (interbancário) encerrou a sessão desta quinta-feira em alta, próximo à máxima intradiária. Na véspera, a moeda havia recuado mesmo com um movimento global de fortalecimento da mesa, o que não ocorreu hoje. O cenário externo de aversão ao risco fortaleceu a divisa norte-americana de forma generalizada e foi o principal direcionador do mercado doméstico.
O dólar findou cotado a R$ 3,7270 (+1,14%), acumulando queda de 7,98% no mês, já no ano, a divisa acumula ganhos de 12,43% e de 17,68% em 12 meses.
Risco País
O risco medido pelo CDS Brasil de 5 anos subiu a 219 pts, ante 212 pts da véspera.
Juros.
Após seguidas sessões de fechamento da curva, as taxas dos juros futuros de médio e longo prazo encerraram a sessão regular em alta, em meio a um cenário externo marcado pela cautela. A taxa do DI para janeiro de 2020 encerrou em 7,54, de 7,52%, já para janeiro de 2025 terminou em 10,15%, de 9,99% da véspera.
Para sexta-feira.
No Brasil, fecham a semana a 2ª prévia do IGP-M e a Confiança Industrial (CNI). Nos EUA, ganham relevo os dados do mercado imobiliário norte-americano. Da China, aguarda-se a divulgação do PIB do 3T18, vendas no varejo e a produção industrial.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 5ª feira, 18.10.2018, elaborado por HAMILTON ALVES, CNPI-T, e RICARDO VIEITES, CNPI, ambos integrantes do BB Investimentos,