A JBS apresentou resultados positivos. As unidades de carne bovina no Brasil e nos EUA surpreenderam com fortes desempenhos e compensaram os resultados negativos, já esperados, da JBS USA Pork, PPC e Seara. Portanto, a receita líquida cresceu 8% a/a para R$ 45 bl (3% abaixo de nossas estimativas e 1% acima do consenso).
Dados os resultados positivos da JBS USA Beef e JBS Brasil, o EBITDA total aumentou significativamente em 13% a/a e atingiu R$ 4,2 bl, mas considerando os impactos da greve dos caminhoneiros na Seara, que foi de R$ 113 milhões, o EBITDA seria de R$ 4,1 bl. Também como positivos, destacamos
(i) o FCL que passou a positivo em R$ 2 bl versus resultado negativo no 2T17, e
(ii) o contínuo processo de desalavancagem a/a.
Por trás da gestão do passivo em que a empresa está envolvida, a alavancagem caiu para 3,47x de 4,16x no 2T17. Por outro lado, a variação cambial impactou negativamente os resultados financeiros, levando a um prejuízo de R$ 911 milhões.
Destaques.
Como esperado, a JBS USA Beef ainda se beneficiou da demanda doméstica e exportações positivas. Portanto, a receita cresceu 1,3% a/a para US$ 5,6 bl (em linha com nossas estimativas). As iniciativas da empresa focadas na diversificação de produtos e parcerias com clientes estratégicos também contribuíram para o aumento de 7% a/a no EBITDA, surpreendentemente, e totalizou US$ 570 (+76% a/a), levando a margem para um nível de dois dígitos, 10,2% vs. 5,9% no 2T17.
A JBS Brasil, por sua vez, apresentou maiores volumes nos mercados interno (+ 18% a/a) e internacional (16% a/a), gerando receita de R$ 5,8 bl (em linha com nossas estimativas). Além disso, o spread positivo de carne bovina no mercado interno e a melhora no mix de produtos impulsionaram o EBITDA para R$ 359 milhões, um aumento significativo de 37% a/a, com margem de 6,2% contra 4,2% no 2T17.
A Seara enfrentou um impacto adverso da greve dos caminhoneiros, como esperado, que impactou negativamente os volumes (-11% a/a), especialmente as exportações (-19% a/a).
No mercado interno, os preços médios foram afetados pela continuidade do excesso de oferta e pelo mix mais pobre, e diminuíram 2% a/a em alimentos processados e 4% a/a em aves in natura.
Como resultado, a receita foi de R$ 4,1 bl (-5% a/a e 2% abaixo das nossas estimativas). Embora o dólar mais forte tenha mitigado custos de grãos mais elevados, o EBITDA atingiu R$ 227 milhões (-31% a/a) com margem de 5,5%.
Quando considerados os efeitos de greve dos caminhoneiros, a margem EBITDA caiu para 2,8% (-540 bps a/a). Na JBS USA Pork, os preços foram puxados para baixo devido à maior oferta de carne suína.
Assim, apesar dos números positivos em volume no mercado interno (+ 5% a/a), a receita caiu para US$ 1,4 bl, 6% menor em relação ao ano anterior e 10% abaixo das nossas estimativas.
Neste momento, o desempenho mais fraco trouxe margem EBITDA para um único dígito em 7,2% contra 11,7% no mesmo período do ano passado. Seguindo a mesma tendência negativa, a PPC apresentou um impacto adverso do cenário mais difícil para commodities nos EUA.
Portanto, o EBITDA foi de US$ 282 milhões, uma queda de 37% a/a, com a margem caindo de 16,3% no 2T17 para 10%.
Mantemos nosso preço alvo para Dez/2018 para JBSS3 a R$ 10,5/ação, mantendo a recomendação do Market Perform. Em nossa visão, as unidades de carne bovina podem continuar sua tendência de alta devido a:
(i) ciclo favorável com oferta positiva de gado no Brasil e nos EUA e
(ii) incentivo à demanda das exportações.
Por outro lado, acreditamos que o cenário mais difícil para commodities nos EUA pode continuar afetando negativamente os resultados de PPC e JSB USA Pork no curto prazo.
Além disso, esperamos o mesmo cenário negativo para a Seara, que ainda pode sofrer pressão nas margens, dado preços de grãos mais elevados e a oferta e a demanda permanecendo desequilibradas.
Não apenas o mercado doméstico mostrou uma recuperação mais lenta do que o esperado, mas também as exportações devem permanecer como uma preocupação diante das mudanças na tributação da China e das novas exigências da Arábia Saudita sobre o abate.
Embora a JBS tenha apresentado resultados positivos pelo segundo trimestre consecutivo, com a administração também ratificando seu compromisso com o processo de desalavancagem - que apreciamos bastante - permanecemos conservadores quanto ao nome dado as investigações em andamento (no Brasil e nos EUA) e as incertezas quanto a possíveis multas e/ou provisões relacionadas a isso. Assim, reiteramos a recomendação do Market Perform sobre JBSS3.