Economia global
Dinâmica de crescimento mais forte nos EUA, por ora
• A dinâmica de crescimento está mais forte nos EUA do que no resto do mundo, favorecendo o dólar. No entanto, as pesquisas de negócios na China (e na Ásia emergente em geral) também melhoraram, o que é um bom sinal para as exportações globais e para os preços das commodities.
• Nos EUA, com o desemprego bem abaixo do nível de pleno emprego e o núcleo da inflação em cerca de 2%, o Fed, o banco central americano, continuará elevando as taxas de juros, numa tentativa de desacelerar a economia em direção ao crescimento potencial.
• A incerteza política na Itália apertou as condições financeiras na Europa. Reduzimos nossas projeções do PIB da zona do euro para 2,3% em 2018 (de 2,5%, anteriormente) e para 2,0% em 2019 (2,4%, anteriormente).
• O risco de guerra comercial entre EUA e China permanece, mas a oferta da China de reduzir tarifas, aumentar as importações e proteger direitos de propriedade cria oportunidade para um acordo sem piora do conflito.
• Os preços das commodities permanecem firmes, apesar do dólar mais forte.
Dinâmica de crescimento é mais forte nos EUA, mas voltou a se intensificar na China e na Ásia emergente
A dinâmica de crescimento continua forte nos EUA, embora tenha desacelerado um pouco no resto do mundo. O índice ISM de manufatura vem apresentando oscilações, mas permanece próximo do pico deste ano, enquanto o índice PMI global excluindo os EUA recuou de 55 para 53 (ver gráfico).
Essa composição de crescimento explica a força recente do dólar. Entre janeiro e maio, o dólar valorizou 5,4% ante as moedas dos mercados desenvolvidos e 7,6% ante as moedas dos mercados emergentes. Durante esse período, o hiato de crescimento entre os EUA e o resto do mundo aumentou.
Do lado positivo, os índices PMI na China e em toda a Ásia emergente se recuperaram nos últimos dois meses, o que é um sinal positivo para o crescimento dos mercados emergentes em geral. É fato que os índices PMI em outras regiões emergentes (EMEA e LATAM) recuaram em maio. Mas a recuperação nos mercados emergentes asiáticos indica que as exportações globais não perderam muito impulso (ver gráfico), e um bom comércio global é um sinal positivo para a maioria desses mercados.
EUA – Força da demanda doméstica mantém expectativa de aumentos dos juros pelo Fed
O crescimento do PIB está em 3% no 1S18, devido à forte demanda interna favorecida por condições financeiras ainda flexíveis, cortes de impostos e gastos do governo. O consumo está crescendo a uma taxa de 2,7% sobre o ano anterior, e o investimento fixo privado está em 4,5% na mesma comparação.
Os gastos do governo também devem acelerar para um patamar acima de 3% sobre o ano anterior nos próximos trimestres.
A força doméstica nos EUA mais do que compensa os riscos internacionais. Os riscos de guerra comercial, a volatilidade nos mercados emergentes e a incerteza política na Itália não tiveram impacto significativo nas condições financeiras norte-americanas até o momento.
A taxa de desemprego, consequentemente, continuará caindo, enquanto os salários e a inflação continuarão subindo. A taxa de desemprego caiu para 3,75% em maio, bem abaixo da estimativa mediana do Fed para a Nairu (sigla em inglês para taxa de desemprego que não acelera a inflação) (4,5%).
Com a economia crescendo perto de 3%, a geração de empregos permanecerá em torno de 200 mil e a taxa de desemprego continuará caindo (ver gráfico). Em resposta ao mercado de trabalho apertado, os salários continuarão aumentando gradualmente.
Paralelamente, o núcleo da inflação já está próximo de 2% e deve continuar subindo conforme os salários aumentam.
Com o desemprego em queda e a inflação em alta, o Fed continuará elevando as taxas de juros. Se a geração de empregos permanecer em 200 mil por mês por muito mais tempo, a taxa de desemprego cairá abaixo de 3% no fim de 2019, aumentando o risco de que salários mais altos possam levar a uma inflação significativamente acima da meta de 2%.
A economia dos EUA está nos estágios finais do ciclo de recuperação, momento em que o Fed deve apertar sua postura de política monetária, levando o crescimento do PIB e do emprego a desacelerar para suas tendências de longo prazo. Isso limita a valorização dos preços de ações e sugere que a força do dólar pode não durar muito mais.
Continuamos projetando quatro aumentos da taxa de juros dos Fed Funds em 2018, seguidos de três aumentos em 2019. Esperamos que a taxa de juros do título do Tesouro de 10 anos suba para 3,25 no fim de 2018 e para 3,50 no fim de 2019.