Diário de Mercado na 3ª feira, 05.06.2018
Ibovespa cede em meio a temores de instabilidade fiscal e eleitoral
Resumo.
A significativa piora na percepção de risco doméstico contagiou os mercados de renda variável, juros e câmbio com equânime intensidade.
O cenário externo também não favoreceu, já que diante de declarações protecionistas de Trump, e com temores de agravamento da questão fiscal na Itália, o dólar avançou contra moedas emergentes.
Por aqui, o quadro fiscal também foi motivo de preocupação, já que o impacto da concessão de subsídios ao diesel pelo governo, acordado para o fim da greve dos caminhoneiros dificulta o cumprimento da meta orçamentária, e mina a confiança dos investidores na estabilidade no longo prazo.
Além disso, houve a percepção de avanço das intenções de voto a candidatos extremistas na eleição presidencial vindoura, o que manteve os investidores na defensiva.
Com isso, a bolsa recuou, e os juros dispararam, enquanto o dólar atingiu sua maior cotação desde março de 2016.
Ibovespa.
O índice já iniciou a sessão em queda, e ao longo do dia esta foi se intensificando. As principais contribuições negativas vieram do setor financeiro, o mais líquido da bolsa, que respondeu à generalizada piora da percepção do quadro doméstico, e também da Petrobras, com ecos do impacto da provável alteração em sua política de preços após os eventos da semana anterior. Na contramão do movimento, a Vale observou valorização
O índice encerrou aos 76.641 pts (-2,49%), acumulando avanço de 0,31% no ano. O volume preliminar da Bovespa foi de R$ 10,91 bilhões, sendo R$ 10,71 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
Na 6ª feira, 01.06.2018, último dado disponível, e primeiro do mês de junho, houve retirada líquida de capital estrangeiro em R$ 912,37 milhões da bolsa, décima primeira sessão negativa consecutiva. O mês de maio fechou com saldo negativo de R$ 8,433 bilhões e o fluxo líquido acumulado no ano segue deficitário em R$ 4,924 bilhões.
Agenda Econômica.
No Brasil, a produção industrial do mês de abril surpreendeu os analistas, ao vir acima das expectativas tanto na variação mensal (0,8% ante 0,4% esperado) quanto no dado ano contra ano (8,9% ante 7,8% esperado).
Dos 26 setores analisados, 24 apresentaram melhora, e contribuiu para o avanço, em especial no comparativo anual, o fato de abril de 2018 ter 3 dias úteis a mais que o mesmo mês de 2017, e a base do último ser bastante fraca.
Já os índices dos gerentes de compras (PMI) do setor de serviços e o composto (serviços e manufatura) relativos ao mês de maio declinaram, a 49,7 e 49,5 (ante 50,6 e 50,0 em abril, respectivamente), adentrando, segundo a metodologia do indicador, a zona considerada de retração (abaixo de 50), ou seja, um menor apetite por conta dos responsáveis pelos setores de compras nas empresas tendo em vista o futuro próximo.
Câmbio e CDS.
O dólar avançou ante a maioria das divisas emergentes na sessão, na esteira de dados norte-americanos mais fortes do que antevistos, e o real teve um dos piores desempenhos, refletindo desconforto dos investidores para com as questões domésticas, como o cenário eleitoral que se aproxima.
A divisa fechou cotada a R$ 3,8106 (1,88%), acumulando alta de 15,17% no ano. O risco medido pelo CDS Brasil 5 anos avançou a 236 pts, ante 232 pts da véspera.
Juros.
Os juros futuros encerraram a sessão regular com firme avanço ao longo de toda a estrutura a termo da curva futura. Pesaram sobre o posicionamento as maiores incertezas no âmbito fiscal, mediante a concessão de subsídios ao diesel, além de avanço de candidatos presidenciáveis com perfil heterodoxo nas intenções de voto, e ainda a pressão cambial.
Para esta semana.
Destaque no Brasil para o IPCA de maio, a ser divulgado na 6ª feira. Na Europa, PIB do 1T, e, na China, balança comercial.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado n 3ª feira, 05.06.2018, elaborado por RAFAEL REIS, CNPI-P, e RICARDO VIEITES, CNPI, ambos integrantes do BB Investimentos.