VAREJO & BENS DE CONSUMO
Maio de 2018: Mês difícil para o mercado global.
Mantendo uma visão conservadora sobre os varejistas à frente
Durante o mês de maio, o Ibovespa desvalorizou 10,9%, seguindo a decisão do Banco Central de manter a taxa Selic em 6,5% (enquanto os analistas esperavam uma redução de 25 bps, pelo menos) e também pelo pessimismo trazido pela greve dos caminhoneiros no fim do mês.
Greve dos Caminhoneiros
Os varejistas em geral foram impactados pela greve. Ao longo dos últimos anos, os players do segmento concentraram-se na redução do estoque em lojas e aumentaram a dependência da frequência de fornecimento de mercadorias para melhorar o giro dos estoques. Como resultado da greve, houve falta de produtos, especialmente os perecíveis nos supermercados (cerca de 40% das vendas totais).
Ao mesmo tempo, os consumidores lotaram as lojas com o objetivo de estocar produtos em suas casas, o que impactou ainda mais os níveis de estoques nos supermercados, e levou a uma expansão de 52% no volume de vendas na 6ª feira, (segundo pesquisa ICVA). Como resultado, varejistas como o Carrefour, por exemplo, limitaram as vendas por pessoa em 5 itens de cada produto, com o objetivo de evitar um esgotamento ainda mais acelerado.
Se, por um lado, as vendas nos supermercados foram aumentadas, por outro lado, varejistas dos segmentos restantes tiveram que lidar com uma redução abrupta no tráfego nas lojas. Segundo o ICVA, as vendas totais reduziram em média 26% no final de semana como resultado da greve. A consultoria Virtual Gate afirmou que dentro de shoppings o tráfego de pessoas caiu 32% no mesmo período.
Ressaltamos que já esperávamos alguma pressão sobre as vendas dos varejistas nas últimas duas semanas de junho, devido aos jogos da Copa do Mundo. No entanto, a greve dos caminhoneiros deve se traduzir em mais duas semanas de pressão, pelo menos, considerando o período necessário para normalizar a oferta em todos os varejistas. Como resultado, as empresas do segmento podem apresentar desempenho abaixo de nossas expectatias no 2º trimestre.
Antes do advento da greve, todo o mercado esperava que os varejistas de bens duráveis se beneficiariam das vendas de televisores para a Copa do Mundo. Além disso, as temperaturas mais baixas observadas no final de maio, especialmente nas regiões Sul e Sudeste, impulsionariam as vendas de vestuário. Com isso em mente, ainda acreditamos que há espaço para uma recuperação de VVAR11 e LREN3 durante o mês de junho.
Mesmo assim, preferimos manter visão mais conservadora sobre o desempenho dos varejistas e incluímos o RADL3 e o PCAR4 em nosso portfólio de top picks para o mês.
A nosso ver, uma vez normalizada a oferta de produtos, os supermercados e drogarias (depois postos de gasolina, é claro), devem ser os estabelecimentos mais beneficiados pela recuperação no tráfego de pessoas.
Drivers de varejo
Pesquisa Mensal do Varejo (IBGE). Em março, a atividade de varejo registrou a décima segunda alta consecutiva em uma visão anual, totalizando aumento de volume de 3,7% nos últimos 12 meses.
Os destaques permaneceram nos segmentos com maior demanda reprimida, como “Móveis e Eletrodomésticos” (+ 9,1% nos últimos 12 meses); “Vestuário” (+ 6,2%) e “Bens de Uso Pessoal e Doméstico” (+ 5,8%). Além disso, as drogarias também mantiveram desempenho acima da média de +4,4% em volume nos últimos 12 meses. Mantemos nossas projeções de uma expansão de volume de 3,0% no varejo global restrito do ano.
Embora reconheçamos que é uma estimativa conservadora, estamos ansiosos para ver o desempenho de vendas tanto durante a greve dos caminhoneiros quanto na Copa do Mundo.
Segundo levantamento do ICVA (divulgado pela Cielo), as vendas no varejo aumentaram 2,1% aa em termos reais no mês de abril, ou 2,6% ano/ano, excluindo o efeito calendário negativo da Páscoa deste ano, com supermercados e bens duráveis como os principais destaques.
A Cielo também divulgou nota em 28.05 (2ª feira), informando que as vendas diminuíram em média 26% no final de semana afetado pela greve, quando comparadas aos finais de semana regulares.
Emprego - IBGE.
Na última Pesquisa Nacional Contínua por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), a taxa de desemprego atingiu 12,9% no trimestre encerrado em abril (+70 pb em uma comparação entre os períodos trimestre/trimestre e -70 pb, ano/ano).
Em abril, o número de desempregados foi de 13,4 milhões de pessoas, representando uma redução de 4,5% na comparação anual, mas um aumento de 5,7% na comparação trimestral. Quanto ao Salário Médio Real, atingiu R$ 2.182 no período, representando um aumento de 0,8% ano/ano, mas uma queda de 0,1% trimestre/trimestre.
Índice de Confiança do Consumidor (ICC) e Índice de Confiança do Negócio (Icom) - FGV. Em maio, a Confiança do Consumidor registrou a segunda queda consecutiva, atingindo 86,9 pontos (-2,5 pontos mês/mês e +4,4 pontos ano/ano), o menor nível desde outubro passado. Segundo o Ibre FGV, a falta de otimismo atingiu os consumidores das classes sociais em geral e parece estar relacionada a piores perspectivas em relação ao mercado de trabalho
Quanto ao ìndice de Confiança do Negócio, após oito altas consecutivas, o indicador reduziu para 92,6 pontos em maio (-4,1 pontos mês/mês, +4,6 ano/ano) retornando ao mesmo nível de novembro passado, impactado pela percepção dos varejistas de um ritmo mais lento. de crescimento de vendas.
Crédito e Inadimplência - Banco Central do Brasil (Bacen).
Em abril, os Empréstimos Não Destinados às Pessoas Físicas totalizaram R$ 869,8 milhões, representando um aumento de 0,8% mês/mês e de 7,8% ano/ano, com destaque no mês para financiamento de veículos e cartões de crédito.
A Taxa de Juros Média Anual deste tipo de crédito foi de 56,8%, uma redução de 40 bps mês/mês 1,100 bps ano/ano, refletindo principalmente a menor taxa Selic e as recentes mudanças na taxa de juros sobre pagamentos atrasados de cartões de crédito.
Tradução de responsabilidade da Redação do JF
a partir do original em inglês enviado
pelo BB-BI DIMEC Pesquisa
Confira no anexo a íntegra do relatório original em inglês preparado por MARIA PAULA CANTUSIO, CNPI, analista senior, e FABIO CESAR CARDOSO, CNPI, analista, ambos do BB Investimentos.