Para viabilizar seu novo arrocho monetário, o QE3, garantir superavites comerciais no comércio com o Brasil e obter pontos da corrida eleitoral, Casa Branca ataca com dura carta o governo brasileiro. O contrataque vem de Mantega, que informa que elevará o IOF ; e do Itamaraty, que protocolará processo na OMC.
Conforme noticiado na semana passada pelo JORNAL FRANQUIA, o banco central norte americano, FED, informou que comprará mensalmente títulos ao mercado no montante de US$ 40 bilhões por período indeterminado, em um novo Quantitative Easing (QE), o terceiro da série.
Durante cinco meses, entre novembro de 2008 e março de 2009, o FED iniciara seu primeiro movimento de afrouxamento monetário, do qual resultou uma injeção de recursos no mercado mundial de US$1,75 trilhão.
Esse movimento foi denominado de QE, em que a impressão de moeda funciona para a compra de títulos em grande parte empacados no mercado, comprometendo a carteira dos bancos, sem giro e sem garantia de rentabilidade.
Nesse sentido, sua compra pelo governo representa uma injeção de recursos no mercado e, também, doação de recursos públicos aos bancos.
E a idéia do governo dos EUA foi promover a ativação da economia interna daquele país, a partir do giro desses recursos e, simultaneamente, promover a desvalorização do dólar em face de outras moedas, o que resultaria em ganhos de competitividade dos produtos norteamericanos e melhoria do saldo comercial dos EUA.
Um segundo movimento de QE foi deflagrado em novembro/2010 e durou até junho/2011, trazendo outros US$ 600 bilhoes ao mercado. Esse QE2 somado ao QE1 correspondeu ao ingresso no mercado de US$2,35 trilhões
O QE3 anunciado na semana passada pelo FED representa o ingresso mensal de US$40 bilhões por período indeterminado. Segundo o jornalista Sílvio Guedes Crespo, de O Estado de São Paulo, com o terceiro QE, o total de ingressos de recursos no mercado poderá atingir, em poucos meses, equivalente ao PIB brasileiro, isto é, US$2,5 bilhões/ano.
Diante dessa ameaça, o ministro Guido Mantega revelou que o Brasil poderá elevar ainda mais a taxa de IOF incidente sobre capitais especulativos, de modo a conter seu movimento em direção da valorização monetária do Real e da intensificação das perdas cambiais em curso.
Para uma idéia mais clara da intensificação do ingresso de capitais especulativos, aquele jornalista do OESP revelou que em 12.09, antes do anúncio do QE3 pelo FED, o volume de ingressos de recursos externos para aplicações em fundos de ações totalizava apenas US$ 447 milhões.
Ao final da semana passada esse valor havia quase decuplicado, tendo atingido US$ 4,3 bilhões, segundo informações da EPFR divulgadas pela Agência Estado.
O ministro Guido Mantega refutou com ênfase alegações do governo norteamericano, durante palestra em Londres, em um seminário promovido pela The Economist.
Em dura carta ao governo brasileiro, na última 5ª feira, a Casa Branca alertou que a adoção de medidas protecionistas pelo Brasil poderia ameaçar a relação bilateral.
"É um absurdo, porque os EUA adotaram número muito maior de medidas protecionistas que o Brasil. Além de medidas diretas de protecionismo, ainda temos o "quantitative easing" (injeção de recursos na economia pelo Fed, o banco central dos EUA), que é uma forma indireta de protecionismo, porque desvaloriza a moeda local, reduz o valor do dólar, e um dos objetivos disso é poder aumentar as exportações americanas",
afirmou o ministro Mantega.
"Nós perdemos de longe da maioria dos países, e inclusive somos o segundo que mais adotou medidas liberalizantes. Somos muito menos protecionistas que Reino Unido, Alemanha. Pelo contrário, nós até temos feito medidas de liberalização da atividade comercial brasileira",
acrescentou o ministro Mantega.