Diário de Mercado na 4ª feira, 25.04.2018
Mau humor externo influencia abertura dos negócios, mas clima se ameniza ao longo do pregão
Resumo.
A sessão da quarta-feira trouxe uma extensão do quadro de temores quanto a uma provável escalada mais íngreme dos juros nos EUA. O clima nos negócios internacionais permaneceu majoritariamente negativo, o que direcionou o dólar para mais uma sessão de ganhos frente aos pares no mercado global de moedas, e atrelado a ele, novas altas nos juros dos US Treasuries.
No Brasil, o noticiário se mostrou ausente de novidades e a agenda econômica tampouco foi capaz de melhorar o humor dos negócios, e assim o Ibovespa aderiu às quedas vistas nas principais bolsas mundo afora, enquanto o real viu mais uma desvalorização ante o dólar, que chegou a valer no intraday mais de R$ 3,50.
Ibovespa.
O índice doméstico iniciou a sessão afundando e atingiu sua mínima cotação minutos após a abertura (84.348 pts: -1,31%). Após isso, iniciou um movimento de lenta e gradual recuperação, com os investidores rebalanceando os riscos frente a um cenário de poucas novidades nos noticiários, mas generalizadas quedas nas bolsas mundo afora, assim como fortalecimento do dólar, que já é a tônica dos últimos dias.
Mesmo com a recuperação, que foi capitaneada pelo setor financeiro – enquanto a dobradinha Petro/Vale pesou negativamente – o índice ainda encerrou no negativo, aos 85.044 pts (-0,50%), variando -0,38% em abril e 11,31% no ano.
O giro preliminar da Bovespa foi de R$ 11,15 bilhões, sendo R$ 10,82 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
Na 2ª feira, 23.04, último dado disponível, houve ingresso líquido de capital estrangeiro em R$ 210,195 milhões na bolsa, incrementando os saldos do mês e do ano para R$ 3,498 bilhões e R$ 3,540 bilhões, respectivamente.
Agenda Econômica.
No Brasil, o déficit primário do mês de março foi o pior da série histórica, que data de 1997, vindo em R$ 24,827 bilhões. O número exprime a conjunção de Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central.
Déficit Primário - O número também veio aquém das projeções de mercado, que apontavam para um déficit de R$ 18 bilhões. O resultado acumulado no ano, no entanto, é o melhor desde 2015, sendo um déficit de R$ 12,980 bilhões – em igual período em 2017 este número se situou negativo em R$ 19,563 bilhões. Em 12 meses o somatório perfaz um déficit de R$ 119,5 bilhões, lembrando que o déficit que se admite para 2018 de acordo com a meta fiscal é de R$ 159 bilhões.
Confiança do Consumiro. De lado há praticamente dois anos, o índice de confiança do consumidor medido pela CNI relativo a abril marcou 102,2 pontos, ante 101,9 em março.
Entre altas e quedas dentro da faixa entre 100 e 105 pontos – de onde apenas desviou em duas oportunidades, a última sendo em setembro de 2017 a 98,5 pontos – o dado pouco empolga os analistas ao se manter prolongadamente abaixo de sua média histórica em 107,9 pontos e reforça a visão de uma retomada econômica em andamento mas bastante arrastada, já que dadas elevadas incertezas nos âmbitos fiscal, reformista e político, há pouca disposição por parte dos consumidores para compras e com isso uma movimentação mais contundente da economia.
Câmbio e CDS.
O mercado de câmbio, assim como o de juros enfrentou uma abertura estressante, seguindo o clima de mau-humor vindo do exterior, tendo inclusive ante o real o dólar ter no intraday superado a cotação de R$ 3,50.
Ao longo da tarde, no entanto, o ânimo foi se recompondo, e a moeda encerrou com modesta valorização cotada a R$ 3,4907 (+0,61%), variando 5,72% em abril e 5,50% no ano.
Risco País.
O risco medido pelo CDS Brasil 5 anos subiu a 172 pts ante 171 pts da véspera.
Juros.
Analogamente ao dólar, os juros futuros dispararam na largada, influenciados pelo clima negativo no exterior, e o significativo avanço dos rendimentos dos US Treasuries nos EUA. Ao longo do certame, contudo, o ímpeto foi sendo contido, e no encerramento dos negócios houve alta generalizada ao longo da curva futura, mas de maneira comedida.
Para a 5ª feira.
A extensa agenda inclui em relevância: definição da taxa de juros pelo BCE, pedidos de bens duráveis nos EUA, além de produção industrial no Japão e por aqui, dados do mercado de crédito como concessão, inadimplência - entre outros - pelo Bacen.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 4ª feira, 25.04.2018, elaborado por RICARDO VIEITES, CNPI, e RAFAEL FREDA REIS, CNPI-P, ambos integrantes do BB Investimentos.