Na tarde desta 3a feira, 28.08, a polícia boliviana localizou e apreendeu duas toneladas de urânio mesclado com tantânio, armazenadas na garagem de um edifício no bairro de Sopocachi, na cidade de La Paz, na Bolívia, em local próximo às embaixadas dos EUA e do Brasil.
Quatro bolivianos foram detidos quando transferiam o material de um veículo para o outro. A informação preliminar aponta que o indíce de radioatividade no prédio é alto. Jornalistas e curiosos que acorreram ao local foram instados a manterem-se a no mínimo a 50 metros do local. O material apreendido será submetido a análise pelo Servicio Nacional de Geologia y Técnico de Minas (SERGEOTECMIN), da Bolívia.
O ministro do governo boliviano, Sr. Carlos Romero, afirmou que, de acordo com informação preliminar, o carregamento tinha como origem o Brasil e como destino o Chile e que teria um valor aproximado de US5 milhões.
FONTE: http://www.ejornais.com.br/jornal_los_tiempos.html
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Nota do Jornal Franquia: Curioso e suspeito o posicionamento especulativo da polícia boliviana comprometendo o Chile, país com o qual a Bolívia mantém litígio de terras e que apropriou-se de sua saída para o mar; e o Brasil, país amigo que possui das maiores reservas mundiais de urânio in natura e que não precisaria de contrabandeá-lo para dentro de suas fronteiras.
Sem explicações, a nota da polícia boliviana, acolhida pelo ministério do governo boliviano, isenta implicitamente o contrabando de urânio para os EUA.
Pelas informações preliminares, trata-se de material in natura, misturado com tantânio e provavelmente outros elementos, possivelmente obtido diretamente de exploração sem contar com qualquer 'purificação' ou preparo industrial esmerado. E, nesse sentido, sua procedência pode ser de qualquer país da América Latina, inclusive, e muito provavelmente, da própria Bolívia, por atividade mineradora clandestina e não acompanhada pela Agência Internacional de Energia Atômica.
Relevante destacar que a Bolívia, no departamento de Potossi, há uma provivíncia mineral de aproximadamente 100.000 hectares, extremamente rica em minérios estratégicos, como urânio, cobre, ouro e lítio. A região foi mapeada em 1992 por engenheiros norteamericanos Steve Ludington y Denis P. Cox, via satélite, com apoio da NASA, trabalho de que resultou um relatório tornado disponível à imprensa boliviana, "Mapa de áreas permisivas y favorables para tipos seleccionados de yacimientos minerales en el altiplano y la Cordillera Oriental de Bolivia".
É fato conhecido e divulgado pela imprensa boliviana que Yellow cake é extraído de forma incipiente dessa área e oferecido para comercialização por meio de anúncios em jornais bolivianos e pela internet.
É fato também conhecido pela imprensa que o governo boliviano teria interesse em ceder essa região ao governo do Irã, motivo pelo qual seu presidente Ahmadinejad visitou a Bolívia algumas vezes nos últimos anos, ocasiões em que ofereceu investimentos no país, sob intensas críticas de Israel e dos EUA, receosos da aplicação militar dessas matérias primas.
Importante observar que o processo produtivo brasileiro de urânio e de seu enriquecimento é monitorado pela Agência Internacional de Energia Atômica na ONU (AIEE), full time e on line, por meio câmeras de vídeo instaladas em locais e em etapas estratégicas do processo produtivo no território e em instalações brasileiras.
Esse fato reveste-se da maior importância, uma vez que os EUA há alguns anos tem insistido que o Brasil assine protocolos complementares ao Tratado Internacional de Não Proliferação de Armas Nucleares, assinado pelo País em 1997.
O objetivo declarado do governo norteamericano e da AIEA é impedir o descontrole da produção, industrialização e comercialização desses matérias e seu eventual uso por terroristas.
Há também a suspeita de que essa capa de bom-mocismo internacional busque ocultar a intensão de impedir que o Brasil tornar-se player internacional no mercado mundial de urânio enriquecido, que abastece as 400 usinas atômicas existentes hoje em todo o mundo. Esse mercado soma cerca de US$10 bilhões anuais, é compartilhado apenas pelo Canadá, EUA, França e Alemanha e poderá quintuplicar nos próximos 20 anos, como estima o Departamento de Estado Norte-Americano, impulsionado pelo interesse mundial em tornar limpa a matriz energética do planeta, emporcalhada pelo carvão e pelo petróleo. Ausente o Brasil desse mercado de urânio enriquecido e de alta tecnologia, poderia permanecer na exportação de urânio in natura para aqueles países, a preço vil.
Acusações torpes como essa da polícia e do ministério boliviano põem em xeque a credibilidade do Brasil e o do projeto nacional brasileiro de capacitar-se para essa estratégia.
Contudo, essas acusações de autoridade credeciada pelo governo boliviano não conseguem desviar a atenção do que ocorreu naquele país: manipulação criminosa, insegura e irresponsável de material radioativo perigoso, às barbas do governo, há anos, divulgada em jornais e servindo potencialmente a todo o tipo de interesse ... e, pior, alimentando a imagem de uma América Latina desregrada sob o ponto de vista da energia nuclear e tornando-a passível de intervenções, tal como quase ocorreu na região da tríplice fronteira, durante o governo Bush Filho, em sua guerra contra o terrorismo, crise contornada habilmente pelo Itamaraty e pelo recrudecimento militar brasileiro.
fontes: http://www.eldeber.com.bo/vernotanacional.php?id=100829204723, www.LosTiempos.com e http://www.lostiempos.com/diario/actualidad/nacional/20120829/hallazgo-de-supuesto-uranio-genera-alarma_183686_389149.html