Diário do Mercado na 4ª feira, 23.08.2017
Expectativas com o quadro fiscal reforçam otimismo nos mercados
Resumo.
Domesticamente, o mercado prosseguiu com otimismo, repercutindo a aprovação da Taxa de Longo Prazo (TLP), em substituição da atual TJLP, que tende a reduzir o ônus sobre o déficit fiscal pelo fato de acompanhar a variação da NTN-B, atenuando o subsídio implícito nas concessões de empréstimos do BNDES.
Ao longo do dia, o mercado também recebeu positivamente o anúncio do PPI (Programa de Parceria de Investimentos), que compreende a concessão de 14 aeroportos, 15 terminais portuários, a Casa da Moeda e a loteria Lotex (“raspadinha”), com previsão de R$ 44 bilhões de investimentos entre 2017 e 2018.
Por outro lado, no exterior, elevou-se o sentimento de aversão ao risco, em face da possibilidade de não aprovação do Orçamento por parte do presidente Trump, o que levou a Fitch Ratings a declarar que poderá revisar o rating do país.
Ibovespa.
Seguindo o contexto positivo com a aprovação da nova taxa TLP e com o lançamento do PPI, os agentes intensificaram o movimento comprador, estimulado no dia anterior com o anúncio da privatização da Eletrobras, confirmando o padrão altista do índice, mantendo-o acima da resistência de 69.500 pontos.
O Ibovespa encerrou aos 70.478 pts (+0,67%), passando a acumular +2,57% na semana, +6,91% no mês, +17,02% no ano e +21,47% em 12 meses. O giro financeiro preliminar da Bovespa foi de R$ 8.696,6 bilhões (+14%).
Capitais Externos na Bolsa
A bolsa registrou entrada de capital externo de R$ 45,47 milhões no último dia 21 de agosto, apurando agora saldo positivo de R$ 2,046 bilhões no mês; apenas entre os dias 14 e 16 últimos foi registrada entrada líquida de 1,7 bilhão. Em 2017, o acumulado é de R$ 10,044 bilhões.
Agenda Econômica.
O destaque foram os índices de inflação que vieram levemente abaixo das estimativas (quadro abaixo). No setor externo os dados divulgados pelo BACEN mostraram déficit de US$ 3,404 bilhões (conta corrente), o que representa o primeiro resultado negativo após quatro meses de superávit, e ainda como detalhado pelo BACEN, a causa foi um fator sazonal, que é o pagamento de juros que não deverá ser repetido no próximo dado.
Câmbio e CDS.
O quadro político norte-americano produziu receios nos mercados de câmbio e de títulos do Tesouro dos EUA, intensificando-se a busca por segurança nos Treasuries, enquanto o dólar se enfraqueceu perante outras moedas fortes.
A moeda encerrou em baixa, aos R$ 3,1395 (-0,92%), acumulando agora +0,25% na semana, -0,65% no mês, 3,71% no ano e 2,97% em 12 meses.
Risco País. Já o CDS brasileiro de 5 anos (CBIN), mais uma vez, findou estável, em 200 pts, em nível idêntico ao de ontem. O CDS brasileiro, por sua vez, recuou, fechando ligeiramente abaixo dos 200 pontos, refletindo o abrandamento do risco fiscal.
Juros.
A curva de juros recuou em toda a extensão, como reflexo de uma expectativa de menor risco fiscal que se seguiu à aprovação da nova taxa de juros TLP em substituição à TJLP e ao anúncio do programa de concessões (PPI), além da divulgação do IPCA-15, praticamente em linha com estimativas de mercado. Entre os vencimentos longos, porém, o recuo foi mais brando, em face de preocupações com o quadro político nos EUA.
Destaques na agenda da semana. No Brasil: dados de crédito, confiança do consumidor e arrecadação de impostos; Nos EUA: Vendas de casas novas e de casas usadas e pedidos de bens duráveis; Na Europa: PIB do Reino Unido e Alemanha.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 4ª feira, 23.08.2017, elaborado por JOSÉ ROBERTO DOS ANJOS, CNPI-P, e RENATO ODO, CNPI-P, ambos da equipe do BB Investimentos