Diário do Mercado na 6ª feira, 14.07.2017
Dúvidas na economia americana mantêm otimismo quanto à liquidez mundial
Resumo.
Os números relativos a vendas no varejo e inflação nos EUA abaixo do esperado divulgados hoje nublaram ainda mais a viabilidade de um novo aperto monetário por lá em setembro.
Com a probabilidade de manutenção do atual patamar de juros - e com isso a liquidez mundial - por período mais prolongado, uma nova rodada de otimismo nos mercados de renda variável em âmbito global se materializou.
Domesticamente, o cenário político mais ameno às vésperas do recesso parlamentar também contribuiu para o clima positivo.
Ibovespa.
Com cinco pregões consecutivos de alta, a semana encerrou com a melhor performance em mais de um ano, fruto do apoio do bom humor vindo das bolsas no exterior, do andamento da agenda de reformas e da atenuação das animosidades no front político doméstico.
O benchmark da bolsa brasileira findou aos 65.436 pts (+0,40%), com giro financeiro preliminar da Bovespa em R$ 6,21 bilhões, sendo R$ 6,03 bilhões no mercado à vista, e com os investidores posicionando-se de olho no vencimento de opções, cujo exercício acontece na próxima segunda-feira.
Capitais Externos na Bolsa
O capital externo à bolsa, com a ingresso de de R$ 375 milhões em 12 de julho, passou a somar neste mês saldo positivo em R$ 782 milhões. Em 2017, está acumulando agora R$ 5,67 bilhões.
Agenda Econômica.
No Brasil, a atividade econômica (IBC-Br) caiu 0,51% em maio ante abril. O dado, que foi o mais fraco desde agosto do ano passado desapontou os analistas, cuja mediana das estimativas apontava para uma alta de 0,20%. No comparativo ante maio de 2016 a variação foi de 1,40%, o que também decepcionou, já que se esperava +2,50%.
A atividade econômica em bases mensais foi positiva em três dos 5 meses este ano, e embora seja sentida uma estabilização, e até certo ponto uma recuperação, os dados erráticos indicam que a retomada econômica tende a ser vagarosa.
EUA
No exterior, nos EUA, a inflação ao consumidor medida pelo IPC variou 0,1% no seu núcleo (que exclui dados voláteis como alimentos e energia) na passagem de maio a junho.
A margem mensal ficou aquém do esperado pelo mercado (0,2%), mas no comparativo anual manteve-se em 1,7%, em linha com as expectativas dos agentes.
Também por lá, a produção industrial e as vendas no varejo, ambas relativas a junho mostraram trajetórias opostas, com a primeira elevando-se em 0,4% ante expectativa em 0,3%, e a segunda retraindo 0,1% ante expectativa de +0,4%.
Em suma, os dados nos EUA continuam denotando que o Fed ainda conta com um cenário benigno para a manutenção de sua política de normalização gradual da taxa de juros, mas existem certos fraquejos pontuais em alguns setores que impedem a materialização de maior certeza.
Câmbio e CDS.
O dólar comercial (interbancário) rompeu o suporte dos R$ 3,20 na esteira das maiores apostas por período prolongado do atual nível de liquidez global.
A divisa norte-americana findou os negócios a R$ 3,1813 (-0,98%).
Risco País - O CDS brasileiro de 5 anos cedeu a 224 pontos ante 229 do fechamento da véspera.
Juros. Não apenas o recuo do dólar, mas também o dado fraco da atividade econômica doméstica direcionaram os juros futuros para uma queda moderada na data de hoje, denotando maiores apostas dos agentes quanto a um provável corte de 100 pontos na Selic na próxima reunião do Copom dia 26/07.
Para a próxima semana.
A agenda econômica prevê poucos eventos. No Brasil, destaque para a arrecadação de impostos, criação de vagas na economia, saldo em conta corrente, investimento estrangeiro direto, e dados inflacionários como IGP-10, a segunda prévia do IGP-M, e o destaque da semana, o IPCA-15.
No exterior a semana reserva definição de taxas de juros na Zona do Euro e Japão, e dados do setor imobiliário norte-americano.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 6ª feira, 14.07;2017, elaborado por RAFAEL REIS, CNPI-P Analista, e WESLEY BERNABÉ, CNPI Gerente de Pesquisa, ambos o BB Investimentos