Diário do Mercado na 3ª feira, 02.05.2017
Mercado brasileiro inicia maio em clima de euforia, se ajustando ao estrangeiro após feriado
Resumo.
O clima dos negócios em âmbito doméstico neste retorno de feriado e início de maio foi dominado pelo otimismo. Os agentes espelharam em todos os mercados domésticos a leitura de que os movimentos grevistas na 6ª feira e de manifestações em torno do Dia do Trabalho não devem ser suficientes para atrasar a agenda de reformas em andamento, com destaque para a da Previdência, cujo parecer encontra-se em discussão na Comissão Especial da Câmara.
No front estrangeiro, no entanto, o bom humor visto na véspera nos mercados norte-americanos deu lugar novamente à cautela, após Trump comentar sobre um acordo no Congresso em torno do orçamento a ser votado nesta semana para garantir recursos ao governo dos EUA até setembro.
Ibovespa.
Alinhando-se ao mercado norte-americano, que viu alta na segunda-feira, feriado no Brasil e em outras praças mundiais, as principais blue chips subiram conjuntamente.
A euforia foi ainda maior por parte dos agentes por conta da dissipação dos temores quanto ao avanço das reformas em andamento dada a adesão aquém do previsto aos movimentos grevistas na semana anterior, e aos protestos na véspera.
Assim, o Ibovespa findou aos 66.721 pts (+2,02%), com prévio giro da bolsa chegando a R$ 9,17 bilhões, sendo R$ 8,95 bilhões no mercado à vista.
O capital externo em abril, com o ingresso de R$ 6,97 milhões na 5ª feira dia 27.04, totaliza agora uma evasão de R$ 135,15 milhões no mês. Em 2017 o saldo ainda é positivo: R$ 3,401 bilhões.
Agenda Econômica.
No Brasil, o índice de gerentes de compras (PMI) pela consultoria Markit atingiu 50,1 em abril, ante 49,6 em março, adentrando, ainda que marginalmente, o campo considerado expansionista de acordo com a metodologia do indicador (acima de 50). O nível não era atingido desde janeiro de 2015.
Também internamente, a balança comercial relativa ao mês de abril foi superavitária em US$ 6,969 bilhões, resultado de um total de importações de US$ 10,717 bilhões e de exportações que somaram US$ 17,686 bilhões.
O relatório semanal Focus do Banco Central, que traz a mediana das projeções de mercado, não denotou nenhum grande destaque. O índice oficial de inflação ao consumidor prosseguiu arrefecendo, tanto para este ano, quanto para o próximo, e o PIB registrou alguma melhoria, mas, ainda calcado na mudança de metodologia do IBGE.
De toda a sorte, o dado favorável, nas entrelinhas, ficou por conta da ascensão da produção industrial para 2017, que passou a +1,47%, ante +1,36% anterior – em alta pela terceira semana consecutiva.
Nos EUA, na véspera, a inflação medida pelo núcleo do PCE – a medida mais considerada pelo Fed nas suas decisões monetárias – em abril retraiu-se 0,1%, perfazendo ano contra ano uma variação de 1,6%. Na margem anual houve recuo ante os 1,8% medidos em março, tendo a inflação se afastado da meta inter anual de inflação do Fed, em 2,0%.
Juros.
Os juros futuros cederam significativamente na sessão, refletindo um panorama mais otimista, em especial em meados da tarde, quando por parte do presidente da Comissão Especial da Câmara houveram palavras sinalizando uma antecipação da votação da reforma da previdência, dado que o governo já contaria com a maioria suficiente para sua aprovação.
Câmbio e CDS.
Assim como os juros, o dólar cedeu firme, também calcado na melhora da percepção quanto ao avanço das reformas em andamento, em especial, a da previdência.
A moeda finalizou a sessão aos R$ 3,1550 (-0,72%). Na leitura do momento, o CDS Brazil 5 anos (CBIN) oscilava aos 213 pts ante 217 pts de ontem.
Para a 4ª feira.
O ímpeto dos investidores poderá ser mantido em um cenário de antecipação de votação da reforma da previdência, o que seria visto como positivo pelo mercado.
A agenda econômica pesará, com dado de produção industrial bem como a utilização da capacidade do parque fabril doméstico, e especialmente nos EUA o dado ADP de variação de postos no mercado de trabalho e, destacadamente, a decisão de juros pelo Fomc, que deve optar pela manutenção das taxas entre os atuais limites de 0,50% e 0,75%, bem como pelo seu comunicado posterior.
Confira no anexo a integra do relatório de avaliação do comportamento do mercado na 3ª feira, 02.05.2017. elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, Analista Sênior, e RAFAEL REIS, CNPI-P Analista