Diário do Mercado na 6ª feira, 28.04.2017
Alta das commodities, balanços favoráveis e melhora da percepção doméstica devolvem ânimo
Resumo.
No exterior, a cautela foi mantida nesta 6ª feira, com o retorno de parcela das tensões geopolíticas entre Trump e a Coreia do Norte, além de agenda econômica majoritariamente negativa nos EUA.
Domesticamente, os movimentos grevistas produziram impacto limitado no mercado, com princípio de reversão da postura mais defensiva dos investidores vista desde o princípio da semana após alta das commodities e balanços favoráveis no front corporativo.
Ibovespa.
Os ganhos foram capitaneados pela Petrobras e pela Vale, papéis que se recuperaram na esteira da melhora das cotações das commodities no mercado externo.
Além disso, balanços corporativos considerados favoráveis, como os do Pão de Açúcar, Cia. Hering, Fleury, ratificaram o otimismo com o mercado de renda variável.
Assim, o Ibovespa findou aos 65.403 pts (1,12%), com prévio giro da bolsa chegando a R$ 7,86 bilhões, sendo R$ 7,61 bilhões no mercado à vista.
O capital externo em abril, com o ingresso de R$ 31,59 milhões na terça-feira dia 26, totaliza uma evasão de R$ 142,12 milhões. Em 2017 o saldo ainda é positivo: R$ 3,394 bilhões.
Agenda Econômica.
No Brasil, a taxa de desemprego nacional (IBGE) continuou sua escalada, chegando a 13,7% na média móvel trimestral finda em março e evidenciando uma ainda incipiente estabilização do mercado de trabalho.
Embora tenha havido elevação, o movimento já era esperado, dado o aumento da PEA (População Economicamente Ativa), fenômeno característico a períodos recessivos, no qual uma parcela maior da população se insere na busca por alocação no mercado de trabalho.
No front fiscal, o resultado primário do setor público consolidado em março foi de um déficit de R$ 11 bilhões, o pior para o mês da série histórica, que data de 2001.
Na decomposição do indicador, verificou-se o governo central (Tesouro, Bacen e INSS) como responsável por um déficit de R$ 11,69 bilhões, enquanto os governos regionais (estados e municípios foram superavitários em R$ 937 milhões, ao passo que as empresas estatais foram deficitárias em R$ 298 milhões.
O coeficiente da dívida líquida do setor público (DLSP) em relação ao PIB elevou-se a 47,8% em março ante 47,4% em fevereiro, índice dentro das projeções do mercado. A dívida bruta também viu avanço, passando a 71,6% ante 70,6% no mês anterior.
Nos EUA, a prévia do PIB do 1T17 anualizado registrou crescimento de 0,7%. Embora tenha vindo aquém das estimativas dos analistas (consenso: 1%), o indicador conteve além da já tradicional queda na atividade do primeiro trimestre, fatores extraordinários como fatores climáticos, e a queda no consumo devido ao atraso na liberação da restituição do imposto de renda.
Por conta disso, o dado a primeira vista fraco não invalida a visão positiva que cerca a economia norte-americana, que permanece sinalizando alta confiança, baixo desemprego e condições monetárias ainda favoráveis.
Juros.
Os futuros recuaram ao longo de toda a estrutura a termo da curva, acompanhando também o dólar, a partir da percepção do mercado de que a greve geral deve ter impacto limitado no andamento das propostas de reformas trabalhistas e da previdência.
Câmbio e CDS. Após a formação da PTAX pela manhã, quando o dólar valorizava-se significativamente, a divisa então perdeu fôlego refletindo certo alívio do mercado com as apreensões ante a greve geral desta 6ª feira se dissipando ao longo do dia.
A moeda finalizou a semana aos R$ 3,173 (-0,08%). Na leitura do momento, o CDS Brazil 5 anos (CBIN) oscilava aos 218 pts ante 220 pts de ontem.
Para a próxima semana.
Não apenas no Brasil, mas em praças europeias e asiáticas, a semana inicia na terça-feira devido ao feriado, embora Wall Street funcione normalmente. Internamente, a agenda de reformas governamentais, que deve ditar o tom do mês de maio retorna no dia 3, com a votação do texto-base da reforma da previdência na Comissão Especial da Câmara.
A agenda econômica reserva destacadamente no Brasil a balança comercial de abril na 3ª feira, a produção industrial de março na quarta-feira e dados do mercado de veículos na 6ª feira.
No exterior, já na segunda feira serão conhecidos renda e gastos pessoais, assim como a inflação pelo PCE nos EUA, na 4ª feira o dado relativo ao mercado de trabalho ADP, além de decisão de juros pelo Fomc (expectativa: Fed Funds sem alteração) e na 6ª feira o payroll (criação de postos de trabalho nos EUA).
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 6ª feira, 28.04.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T Analista Sênior, e RAFAEL REIS, CNPI-P Analista, ambos do BB Investimentos