Reunião do COPOM, de 22.02.2017
Definição: Redução de 75 pontos-base, para 12,25% a.a.
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) divulgou hoje, após os mercados estarem fechados, sua decisão de baixar a taxa básica de juros em 75 pts-base, para 12,25% a.a., por unanimidade e sem viés, sendo a quarta reunião consecutiva de cortes.
Esta deliberação veio em linha com o consenso de mercado, no qual uma parte menor apostava em uma redução maior, de 100 pts-base.
Em seu comunicado, de modo geral, foi percebido um tom mais ameno, com as citações:
“O comportamento da inflação permanece favorável. O processo de desinflação é mais difundido e indica desinflação nos componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária. Houve ainda uma retomada na desinflação dos preços de alimentos, que constitui choque de oferta favorável”,
bem como,
“O Comitê ressalta que seu cenário básico para a inflação envolve fatores de risco em ambas as direções:
(i) o alto grau de incerteza no cenário externo pode dificultar o processo de desinflação;
(ii) o choque de oferta favorável nos preços de alimentos pode produzir efeitos secundários e, portanto, contribuir para quedas adicionais das expectativas de inflação e da inflação em outros setores da economia; e
(iii) a recuperação da economia pode ser mais (ou menos) demorada e gradual do que a antecipada”.
Análise do comunicado: Promissor.
Ao compararmos o comunicado que acompanhou a decisão com o divulgado na definição de janeiro, fica evidente a percepção de melhoria nas condições econômicas percebida pela autoridade monetária.
Ao substituir “atividade econômica aquém do esperado” por “alguns sinais mistos, mas compatíveis com estabilização da economia no curto prazo”, e também fazer menção à outrora preocupante inflação dos alimentos, afirmando que “Houve ainda uma retomada na desinflação dos preços de alimentos, que constitui choque de oferta favorável”, o Copom sinaliza então, em nossa análise, uma visão mais otimista.
Ainda sobre os alimentos e já adentrando no campo de riscos ao cenário traçado, ao substituir “processo de desinflação de alguns componentes do IPCA mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária requer atenção contínua por “choque de oferta favorável nos preços de alimentos pode produzir efeitos secundários e, portanto, contribuir para quedas adicionais das expectativas de inflação”, o comitê reforça ainda mais o tom de bom andamento da dinâmica inflacionária.
No entanto, diferente da versão passada, na qual houve menção à “antecipação do ciclo de distensão da política monetária, permitindo o estabelecimento do novo ritmo”, sinalizou agora: “O Copom ressalta que uma possível intensificação do ritmo de flexibilização monetária dependerá da estimativa da extensão do ciclo, mas, também, da evolução da atividade econômica, dos demais fatores de risco e das projeções e expectativas de inflação”.
Perspectivas.
Pelo veiculado após a decisão, acreditamos na continuidade do ciclo de afrouxamento monetário nas próximas reuniões. Neste momento, a nossa estimativa é de um novo corte de 75 pts-base na decisão de 12 de abril, bem como de uma baixa subsequente de mais 75 pts-base na resolução de 31 de maio, com a expectativa que a taxa Selic encerrará 2017 em torno de 9,75% a.a.
Também, não descartamos que a magnitude da queda de juros possa ser elevada para 100 pts-base já na próxima deliberação, a depender, principalmente, do cenário desinflacionário doméstico, que confiamos continuará a ser benigno.
Inflação.
Continuamos confiantes em nossa visão que o IPCA observado já estará abaixo do centro da meta no segundo trimestre deste ano, bem como, será cumprido o alvo de 4,50% no final de 2017, dentro do intervalo determinado entre 3,00% e 6,00%.
Evidentemente, que este efeito advém do quadro recessivo, com o PIB 4T16 devendo registrar o oitavo dado negativo em comparação com o trimestre imediatamente anterior, bem como, o crescimento mostrar retração não distante de -3,50% em 2016, após ter tido contração de -3,80% em 2015.
Ademais, um dólar esperado declinante (ou até estável) contribui favoravelmente no processo de arrefecimento da inflação.
Panorama Internacional
EUA: O mercado aguarda para breve as medidas prometidas pelo presidente Donald Trump, que incluem corte de impostos e investimento em infraestrutura.
Europa. Alemanha e França indicaram evoluções, com o Reino Unido já avançando. O risco político gira agora em torno da eleição presidencial na França.
China. Os últimos dados econômicos foram favoráveis, registrando uma inflação ao consumidor mais alta, mas, inferior ao limite “aceitável de 3,00%, e, destacadamente que as importações cresceram firmemente, com as exportações avançado menos.
Confira no anexo relatório de avaliação das decisões do COPOM em reunião de 22.02.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, e RAFAEL REIS, CNPI-P, ambos da equipe do BB Investimentos