Renda Fixa - Análise Semanal de Mercado
Em 05.12.2016
Risco global volta à cena, demandando maiores prêmios na renda fixa
Renato Odo, CNPI-P
José Roberto dos Anjos, CNPI-P
A semana se inicia cautelosa com o quadro político internacional, após um arrefecimento das preocupações com a escolha de secretários do futuro presidente dos EUA e com o referendo italiano.
Particularmente a Itália, porém, retorna à cena, com a reprovação da consulta popular relativa a alterações na constituição do país, que resultou na renúncia do primeiro-ministro e, neste momento, renova questionamentos sobre a estabilidade da União Europeia – tema que merecerá atenção ao longo desta semana, em que o Banco Central Europeu tem agendada reunião de política monetária.
No ambiente doméstico [brasileiro], os agentes assimilam os desdobramentos do atual quadro político e de investigações em curso, com estreito acompanhamento do projeto de reforma da previdência, a ser encaminhado ao Congresso nos próximos dias.
Como resultado, elevam-se a volatilidade e os volumes negociados nos vários segmentos da renda fixa, com destaque para os derivativos de juros futuros DI (vide quadro no anexo).
De fato, com a acentuada elevação dos yields dos US Treasuries e o posicionamento do CDS Brasil em tendência de alta, os juros domésticos têm repercutido a maior demanda por prêmios de risco, ampliando o desequilíbrio da paridade das taxas de juros e levando os yields dos bonds soberanos brasileiros a níveis significativamente elevados – ao romper um longo canal de baixa iniciado na virada de 2015-2016 e superar sua média de 160 dias (a qual, graficamente, divide dois importantes campos indicativos de tendência de alta e de baixa), o que abre espaço para novos ganhos de yield.
Derivativo de juros – DI Futuro (% a.a.)
* Os derivativos de juros futuros DI apresentaram alta de yield em todos os contratos, com maior intensidade ente os vencimentos médios e longos (a partir de jul/2018), com praticamente o dobro do volume médio de negociação histórico (registrando 2.273,7 mil operações em média diária)
* A alta acompanhou o aumento da aversão ao risco global, motivado por preocupações relativas à escolha de secretários do futuro presidente dos EUA e relativa ao resultado do referendo da Itália, além das atuais tensões Políticas domésticas
* Entre os vencimentos curtos, a variação foi praticamente inexpressiva, em linha com a redução da Selic pelo Copom, dentro do esperado, e com a divulgação de dados enfraquecidos da economia (como a queda do PIB do 3T16 em -0,8% no trimestre) – confirmados pelo Relatório Focus, que apurou o sétimo recuo para a estimativa de crescimento do PIB de 2017 (0,8%), estabilidade da inflação (em 4,93%) e queda da Selic (10,50%)
Juro Real pela NTN-B (IPCA + cupom % a.a.)
* A estrutura da NTN-B se elevou em todos os vencimentos a partir de mai/2019, recuando apenas em mai/2017 e ago/2018 (em sua variação conjunta, considerando todos os vencimentos, o yield médio elevouse de 6,28% para 6,38%)
* A alta dos yields acompanha o cenário global de aversão ao risco e de maior demanda por prêmios, em linha com as altas dos rendimentos dos bonds soberanos brasileiros e do CDS Brasil
FRA Cambial (% a.a.)
* Os retornos do FRA Cambial elevaram-se em todos os vencimentos, acompanhando tanto a alta do DI futuro quanto a elevação do dólar spot
Dólar Comercial (BM&F)
* A moeda cumpriu o objetivo de R$ 3,46 calculado no último estudo, confirmando a tendência de alta
* Neste momento, a cotação percorre a linha de R$ 3,46 como um teste para romper este patamar em direção a preços mais altos ou para recuar e perder força
* A depender da volatilidade, é possível, porém, que a moeda oscile momentaneamente entre R$ 3,36 e R$ 3,42.
Confira no anexo a íntegra do relatório sobre o comportamento do mercado de Renda Fixa em 05.12.2016, elaborado por Renato Odo, CNPI-P, e José Roberto dos Anjos, CNPI-P, ambos do BB Investimentos