SANTANDER BRASIL - Resultado do 3º trimestre/2016
Resultado forte com melhora da rentabilidade
O Santander Brasil reportou um resultado trimestral positivo devido à forte margem financeira líquida (NIM), que ficou 5,8% acima das nossas estimativas e 19% acima do consenso. O lucro líquido alcançou R$ 1.884 milhões beneficiado pela NIM maior que a esperada (+24 bps R/E).
Os destaques positivos do resultado foram:
(i) crescimento do resultado financeiro (NII) impulsionado pela NIM mais forte e pelos ganhos de tesouraria;
(ii) aumento das receitas de serviços (+3,3% t/t) e
(iii) controle dos custos com despesas de não-juros crescendo abaixo da inflação no período (6,2% a/a).
Pelo lado negativo, destacamos:
(i) aumento de 30 bps no índice de inadimplência devido a um caso específico (possivelmente a Sete Brasil) e
(ii) crescimento de 12,8% nas despesas de provisão impactadas pelo caso específico classificado como risco “H”.
Por fim, o ROE manteve sua tendência ascendente melhorando em 18 bps t/t chegando a 12,4% no 3T16, porém ainda menor que os seus pares privados e muito abaixo do seu custo de equity de 16,0% (Estimativa BB-BI) que corrobora com nossa recomendação de Underperform.
Atual versus Estimado. O resultado financeiro (NII) ficou 8,2% acima das nossas estimativas, devido a NIM 24 bps maior. As despesas de provisão, por sua vez, ficaram piores que as esperadas, 6,7% acima das nossas projeções.
As receitas de serviços foram 1,8% mais altas que as nossas expectativas em decorrência do alto crescimento em cartão de crédito (8,0% t/t) mas foram compensadas pelo decréscimo de 9,7% nas receitas de seguros devido a efeitos sazonais.
As despesas de não-juros ficaram em linha com nossas projeções (-0,4% R/E) crescendo 6,2% a/a devido à disciplina na gestão dos custos, enquanto o índice de eficiência melhorou 98 bps t/t. Assim, o lucro líquido ficou 5,8% acima dos nossos números.
Perspectivas.
O Santander Brasil apresentou outro resultado trimestral forte com uma NIM resiliente e ROE ascendente. Depois de cinco trimestres com o índice de inadimplênciarelativamente estável (~3,2%), observamos 30 bps de deterioração no 3T16.
Entretanto, não consideramos este aumento um problema, pois já esperávamos depois do acréscimo de 70 bps na inadimplência antecedente do 2T16. O Santander Brasil estava num ciclo diferente dos seus pares em relação a qualidade de ativos e crescimento de crédito mas, em nossa opinião, a melhora dos fundamentos já está precificada dado que a SANB11 está sendo negociada a 1,5x P/VPA. Desse modo, mantemos nossa visão pessimista em relação ao desempenho da SANB11 assim como a recomendação de Underperform.
Crescimento de crédito e qualidade de ativos.
A carteira de crédito cresceu 1,2% t/t devido a incorporação da carteira do Banco PSA na carteira de financiamento ao consumo (R$ 1,8 bilhões) mas ficou 1,3% abaixo das nossas projeções.
A carteira de financiamento ao consumo aumentou 6,0% t/t devido a incorporação já mencionada enquanto os empréstimos a pessoa física cresceram 1,9% t/t beneficiados pelo forte crescimento dos empréstimos consignados (6,4% t/t).
Por outro lado, os empréstimos para pessoa jurídica caíram 0,4% t/t. A inadimplência acima dos 90 dias (NPL90) subiu 30 bps t/t e atingiu 3,8% impactada pelo caso específico de um cliente PJ que aumentou a NPL90 de PJ em 60 bps.
Notamos a reclassificação de ~R$ 1 bilhão de empréstimos previamente classificados como risco “G” para risco “H”. Essa reclassificação, provavelmente, relaciona-se com o caso específico que agora está 100% provisionado.
Valuation.
Nosso preço alvo de R$ 22,00 para 2017 é derivado de um Modelo de Desconto de Dividendos (DDM) de três estágios, assumindo um custo de equity (Ke) de 16,0%, com crescimento nominal de perpetuidade (g) de 6%. As ações do banco estão sendo negociadas a 1,5x P/VPA 2017E e 12,4x P/L 2017.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do resultado do SANTANDER BRASIL no 3º trimestre/2016, elaborado por Wesley Bernabé, Carlos Daltozo, Kamila Oliveira, do BB Investimentos