Diário do Mercado na 4ª feira, 16.11.2016
Atuação do Bacen no câmbio e do Tesouro nos juros, com exterior menos pessimista, levantou o humor doméstico.
Na 4ª feira, 16.11, retorno de feriado no Brasil, os mercados acionários movimentaram-se refletindo principalmente os comportamentos do dólar e juros norte-americanos diante do cenário advindo do “EfeitoTrump”, que ainda traz nebulosidade, bem como da oscilação das commodities no mercado internacional, como o petróleo, que avançou, e o minério de ferro, que retraiu-se significativamente em oposição à escalada das recentes semanas.
Ainda que o viés tenha sido de maior aversão ao risco no princípio da sessão, dados fracos de inflação e produção norte-americanos atenuaram tal sentimento, ao sugerir possibilidade de postergação de elevações futuras nos juros pelo Fed nos EUA, sendo que a alta de 25 pontos-base em dezembro próxima “já está no preço” - como diz o popular jargão de mercado.
Ibovespa sobe 1,85%
Por aqui, o Ibovespa, em dia de já aguardada volatilidade pelo ajuste das ações brasileiras aos movimentos internacionais - impossibilitados na sessão anterior por conta do feriado - abriu em queda, com as ações da Vale (VALE5; R$ 22,90; -7,36%,) pressionando, refletindo a derrocada da cotação do minério de ferro no mercado à vista na China.
Após divulgação de dados norte-americanos, no entanto, o mercado renovou o ânimo comprador e, capitaneado pelas ações da Petrobras (PETR4; R$ 14,74; +5,29%), que foram embaladas pela reação da cotação do petróleo no mercado internacional, o benchmark da bolsa brasileira firmou-se e findou em alta, aos 60.759 pts (+1,85%), performance que o traz a uma variação de +2,66% na semana, -6,42 no mês e 40,16% no ano.
O giro financeiro total da bolsa foi de R$ 11,192 bilhões, com o mercado à vista somando R$ 10,782 bilhões.
Capitais Externos na Bolsa
No último dado disponível, em 11 de novembro, ocorreu evasão líquida de capital externo de R$ 632 milhões, contabilizando retirada de R$ 3 bilhões em novembro, mas, com o acumulado do ano em positivos R$ 14,51 bilhões. Colaborou para a volatilidade e para o volume negociado o fato do pregão de hoje reservar evento de vencimento de opções sobre o Ibovespa.
Agenda
Na agenda econômica (pg.3 do anexo), domesticamente, a inflação medida pelo IGP-10 (FGV) em novembro variou tão somente +0,06% na margem mensal, em linha com as estimativas do mercado, e desacelerando ante o +0,12% de Outubro.
Na decomposição do indicador, os seus três subitens assim vieram: os preços no atacado (IPA-10) retraíram-se 0,06% ante +0,12% em outubro, enquanto os preços ao consumidor (IPC-10) avançaram 0,35% ante +0,08% no mês anterior, ao passo que o INCC-10 (construção civil) cedeu a +0,16%, após +0,22% em outubro. Até novembro, o indicador acumula alta de 6,74% no ano e elevação de 7,61% em 12 meses.
Nos EUA, a produção industrial de outubro desapontou ao mostrar estabilidade (0%) no comparativo ante setembro, retraindo-se ante a variação de setembro, em +0,1% e abaixo do consenso das estimativas dos agentes, em +0,2%. Já o preço ao produtor, o IPP, também fraquejou ao reportar em outubro estabilidade (0%) ante estimativas dos analistas de +0,3%. O núcleo do indicador, que exclui do cálculo itens voláteis como alimentos e energia, a defasagem foi ainda maior, oscilando -0,2% ante o consenso das expectativas em 0,2%.
Este indicador, juntamente com a produção industrial foi fator de relevância na sessão, ao denotar neste momento um fator de fraqueza maior do que a prevista na economia norteamericana, o que poderia sugerir um afastamento em um horizonte futuro de aumento de juros pelo Fed nos EUA.
Juros
No mercado de juros, o dia foi de alívio. Após as últimas escaladas das taxas com o “efeito Trump” hoje, com a atuação do Bacen e do Tesouro nos mercados de câmbio e juros, e ainda favorecido por maior tranquilidade no retorno da T-note de 10 anos nos EUA, viu-se queda ao longo da curva inteira.
A intensidade da retração foi maior justamente onde a pressão advinda da eleição norte-americana na semana passada foi mais vigorosa: na ponta longa.
Câmbio
No mercado de câmbio (interbancário), após 4 sessões de avanço contra o real, a mão pesada do Bacen nos swaps cambiais tradicionais foi capaz de, auxiliada pela melhora do panorama no estrangeiro, decretar um dia de recuo do dólar.
Ao término da sessão a moeda findou cotada a R$ 3,4250 (-0,55%), acumulando agora +0,74% na semana, +7,33% no mês, -13,53% no ano e -10,22% em 12 meses. O CDS (Credit Default Swap) brasileiro de 5 anos subiu a 309 pontos, versus 299 pts da véspera.
Confira no anexo a íntegra do relatóriod de análise do comportamento do mercado na 4ª feira, 16.11.2016, elaborado por Hamilton Moreira Alves, CNPI-T Rafael Freda Reis, CNPI-P, analistas de investimento do BB Investimentos