CARTEIRA SUGERIDA - Julho/2016: Brexit acentua incertezas globais
Perspectivas.
Após o referendo britânico (Brexit), acentuaram-se a volatilidade e as dúvidas nos mercados globais, como bolsas, commodities e moedas.
Passado este primeiro movimento, a análise dos mercados revela uma incipiente configuração de dois quadros distintos, mas paralelos: nas economias maduras, intensificou-se o sentimento de aversão ao risco, com a consequente depreciação de ativos e busca por proteção nos títulos soberanos (como dos EUA), e no ouro.
Nas economias emergentes, por sua vez, o contexto se mostra potencialmente mais favorável. Ocorre que os principais bancos centrais e lideranças governamentais já anunciaram ações de cunho expansionista e amparo de liquidez às instituições financeiras.
E, na mesma linha, alongou-se ainda mais o horizonte de tempo esperado para a alta do juro dos EUA – o cálculo da probabilidade implícita nos FED Funds sinaliza que isto não deverá ocorrer até pelo menos set/2017.
Neste cenário, as economias emergentes, como o Brasil, poderão se beneficiar de uma retomada da busca gobal por maiores yields, especialmente na renda fixa. Para a bolsa brasileira, porém, o cenário segue indefinido, na linha do maior sentimento global de aversão ao risco.
Eventos.
O Brexit marcou o mês de junho. Em votação histórica e de desfecho não esperado, a população do Reino Unido votou, por 52% a 48% pela saída deste da União Europeia, trazendo incertezas quanto ao impacto econômico que a ausência da segunda maior economia da Europa poderá acarretar, inclusive perante a economia em escala global.
O evento deflagrou uma corrida a moedas e títulos fortes, além de ouro, seguida da desvalorização da libra esterlina e das bolsas europeias. Diversas autoridades buscaram sinalizar um “rompimento amigável”, sustentando a manutenção das relações entre as partes.
Domesticamente, o mês foi marcado pela atuação da nova equipe do Banco Central, cujo presidente discursou em um novo tom ao mercado, sinalizando a prioridade da contenção da inflação. Esta, embora declinante, não arrefece no ritmo esperado pelo mercado, contribuindo para elevar dúvidas sobre um possível corte da Selic. No front cambial, o Bacen sinalizou uma menor intervenção no mercado, que pode ampliar a flutuação da paridade.
Análise Gráfica do Ibovespa.
A tendência de curto prazo prossegue indefinida, podendo atingir tanto a resistência em 56.200 pontos quanto o suporte em 45.100. Entretanto, o alinhamento deste perfil atual mais volátil com a tendência primária de baixa direciona o índice para um segundo suporte, ainda menor, em 42.800.
Paralelamente, o comportamento semanal do Ibovespa e os indicadores gráficos sugerem o início de uma hipotética reversão altista, mas ainda pendente de confirmação para ganhar consistência.
Performance.
O Ibovespa terminou aos 51.526 pts em junho – alta de 6,30%, avançando agora +18,86% no ano, mas ainda recuando -2,81% em 12 meses. O ingresso de capital externo registrou ingresso líquido de R$ 541 milhões até o último dia 28, elevando o acumulado no ano para R$12,02 bilhões.
O índice, apesar da alta no mês, oscilou com significativa volatilidade, cujo patamar máximo (próximo de 51.700) foi atingido três vezes: nos dia 8 e 23 e no fechamento do mês (30).
Confira no anexo a íntegra do relatório CARTEIRA SUGERIDA DE AÇÕES-JULHO/2016, preparado por JOSÉ ROBERTO DOS ANJOS, CNPI-P, RAFAEL REIS, CNPI, RENATO ODO, CNPI-P, do BB Investimentos.