Após negociação de ontem, já acontece a liberação paulatina das estradas, mas há focos de resistência
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta 5ª feira, 26.02, que os líderes do movimento dos caminhoneiros, que vieram conversar com o governo, aceitaram as propostas do governo.
A partir de agora, segundo ele, os caminhoneiros que continuarem obstruindo as estradas serão multados com valores entre R$ 5 mil e R$ 10 mil por hora.
Os caminhões parados na pista serão identificados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), e com base nos dados obtidos pelos policiais, as multas serão emitidas.
“A decisão do valor da multa não é do governo, é da Justiça, e a punição não está sendo imposta por mim, e sim por magistrados. Eu tenho o dever de fazer cumprir a lei”,
disse o ministro. Segundo ele, ainda existem caminhoneiros em 97 pontos de sete estados, a maioria deles no sul do país.
O ministro Cardozo explicou que houve dificuldade em identificar as lideranças do movimento. Aqueles que se apresentaram como líderes, de acordo com ele, saíram satisfeitos das negociações.
“Não é simples identificar lideranças. Conversamos com todos que se dispuseram a dialogar. Representantes de trabalhadores e de empresas compareceram”,
acrescentou.
Na noite de 25.02, em conversa com os trabalhadores, o governo propôs sancionar a Lei dos Caminhoneiros, a prorrogação por 12 meses do pagamento de caminhões - por meio do Programa Procaminhoneiro -, além da negociação conjunta entre caminhoneiros e empresários para que seja estabelecida uma tabela referencial de frete.
Caminhões vazios, Isenção de Pedágio só após suspenção do bloqueio
A Lei dos Caminhoneiros aguarda sanção da presidenta Dilma Rousseff. O texto, aprovada há duas semanas pelo Congresso, altera a regulamentação da profissão.
“Um dos temas importantes que está na lei, é que os caminhões que trafegam vazios estarão suspensos do pagamento de pedágio por eixo suspenso”,
de acordo com o Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto
Tanto Rossetto quanto Cardozo enfatizaram, porém, que as propostas só serão mantidas e postas em prática após a suspensão dos bloqueios nas estradas.
Rodovias em liberação paulatina
Aos poucos, porém, o movimento reflui. Enquanto os ministro falavam em Brasília, a Polícia Rodoviária de São Paulo informava que os caminhoneiros haviam liberado a Rodovia Raposo Tavares, que esteve interditada das 9h às 15h10 de hoje, na região de Assis (SP). O trânsito fluía só nas faixas da esquerda, nos dois sentidos, para carros de passeio, ambulâncias e caminhões com cargas vivas, além de uma carga de cilindros de oxigênio para a Santa Casa de Paraguaçu Paulista.
Divisão entre os caminhoneiros
Contudo, Ivar Schimidt, um dos líderes do Comando Nacional dos Transportes, estaria afirmando que as manifestações dos caminhoneiros continuariam, pois não estaria sendo atendido o pleito dos trabalhadores, que é a redução em R$ 0,50 do preço do óleo diesel.
"Se o governo acha que as medidas vão acabar com bloqueios, é só esperar para ver. As medidas do governo não atendem o movimento. A paralisação continua",
declarou Ivar Schimidt.
Diumar Bueno, presidente da CNTA Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos, favoravel ao acordo proposto pelo Governo, declarou por sua vez:
"Nossa expectativa é que a categoria se sensibilize com as conquistas e encerre o movimento".