EDITORIAL
Extrema-Direita parte para o Terrorismo,
temerosa da derrota eleitoral de Bolsonaro.
por Wilson R Correa
Diante da visita da Polícia Federal para cumprir mandado judicial de prisão preventiva, Roberto Jefferson amotinou-se em sua casa em cidade do interior do Rio de Janeiro.
Jefferson recebeu a balas de fuzil e a granadas os quatro agentes da Polícia Federal que ali foram cumprir o mandado de prisão preventiva, determinado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. Os estilhaços das granadas feriram dois deles e o carro da PF exibe grande número de perfurações de projeteis nas portas, capô e porta-malas.
Desse modo, a semana que precede as eleições presidenciais de 30.10.2022 inicia agitada e promete ainda mais bravatas e movimentações da extrema-direita golpista, exortada por Jefferson em seus dois vídeos divulgados neste domingo.
O objetivo parece ter desviar a atenção de eleitores bolsonaristas e mantê-los mobilizados para a eleição de domingo.
Contudo, há indícios de que os responsáveis pela campanha eleitoral de Bolsonaro perceberam o potencial destruidor da bravata terrorista de Jefferson. Pois, logo o presidente da República divulgou um vídeo em que chamou Jefferson de "bandido", em busca de desvincular-se dos crimes praticados neste domingo pelo presidente honorário do PTB.
Até então, Jefferson fora um valioso aliado de Bolsonaro, ao ponto de designar Kelson como candidato a presidência da República pelo PTB, impedida pelo TSE a candidatura do próprio Jefferson ao cargo. Kelson viria operar em favor de Bolsonaro e contra Lula, no debate promovido pela Rede Globo, antes do 1º turno da eleição presidencial.
O fato novo foi o balde de água fria sobre a campanha bolsonarista despejado pela divulgação do Plano 3-D do Ministério da Economia, destinado a desvincular do salário mínimo, as aposentadores, as pensões e outros beneficios sociais, da inflação oficial calculada pelo IBGE, vinculação hoje determinada pela Constituição de 1988. Embora confirmado o Plano pelo próprio Guedes, jornalões e a grande mídia de pendor bolsonarista têm classificado a notícia como fakenews.
O vazamento desse projeto evidenciou ao público a falsidade da estratégia eleitoral de Bolsonaro de 'opção pelos mais pobres', que está sendo construida por meio da concessão de varias modalidades de "bolsas" a diversos segmentos sociais, no apagar das luzes do mandato. Os quatro anos de mandato sem oferecer aumento real do salário mínimo, de aposentadorias e de pensões já haviam anteriormente evidenciado o verdadeiro perfil da política do ocupante do Planalto e de seu "posto ipiranga".
Uma tese para se trabalhar: Diante do vazamento do projeto de Paulo Guedes, coube a Roberto Jefferson criar um fato poderoso para desviar a atenção da mídia e do eleitorado, inclusive de seus mais de 20% de indecisos. Um evento impactante poderia evitar uma possível debandada em direção a candidatura de Lula, provocada pela iminente 'tungada' de Paulo Guedes sobre o salário mínimo, aposentadorias e pensões.
Teria Jefferson urdido de moto próprio sua encenação teatral deste domingo? De onde surgiram a metralhadora, o fuzil e as granadas que utilizou ? Terá sido objetivo do ato de Jefferson provocar o enfrentamento nas ruas, entre os dois grupos na disputa eleitoral? Terá sido seu objetivo a decretação do cancelamento das eleições e manutenção de Bolsonaro na presidência da República?
São muitas questões graves. No mínimo, resta saber se a bravata terrorista de Jefferson -- e as demais que ele exortou em seu vídeo a extrema-direita a desencadear nos próximos dias -- poderão afugentar das ruas e manter em casa o eleitorado "pela paz", de Lula, e reforçar o número das abstenções lulistas no pleito do próximo domingo.
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