Kissinger adverte governo Biden contra mudança do status quo de Taiwan
Por Chen Qingqing
Henry Kissinger, o veterano diplomata dos EUA, enviou um novo aviso ao governo Biden em meio a crescentes tensões no Estreito de Taiwan, dizendo que vê o mundo de hoje como beirando um perigoso desequilíbrio e chamando ações cuidadosas.
No entanto, a Casa Branca continuou transferindo a culpa para a China sobre as consequências da provocativa viagem da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA Nancy Pelosi à ilha de Taiwan, ignorando as vozes crescentes de políticos e observadores míopes nos EUA que se opuseram à viagem. Especialistas chineses acreditam que o governo dos EUA de hoje, que carece de sabedoria política e visão estratégica, está se tornando uma grande incerteza para o mundo.
Em entrevista ao The Wall Street Journal, Kissinger, o ex-secretário de Estado de 99 anos, está preocupado com o "desequilíbrio". Ele disse que "estamos no limite da guerra com a Rússia e a China em questões que em parte criamos, sem qualquer conceito de como isso vai acabar ou o que deveria levar".
Sobre a questão de Taiwan, Kissinger está preocupado que os EUA e a China estejam manobrando em direção a uma crise, e ele aconselhou a firmeza por parte de Washington, informou a mídia dos EUA na 6ª feira. A política dos EUA na ilha de Taiwan "preservou a paz entre a China e os EUA por 50 anos", disse ele, observando que "deve-se ter muito cuidado, portanto, em medidas que parecem mudar a estrutura básica".
A viagem provocativa de Pelosi a Taiwan tem despertado vozes crescentes de oposição nos EUA, já que não apenas os principais meios de comunicação dos EUA, como o The New York Times, surgiram com editoriais dizendo que "a relação dos EUA com a China não precisa ser tão tensa", mas também alguns líderes de opinião como Thomas Friedman chamaram esta viagem de "totalmente imprudente".
"Esta é uma pessoa de 99 anos que educa o homem de 79 anos", disse Lü Xiang, pesquisador da Academia Chinesa de Ciências Sociais, ao Global Times no domingo.
"Aparentemente, o atual governo dos EUA não tem ideia do que é o equilíbrio, como primeiro, você tem que admitir a legitimidade de seu homólogo. Se você desafia a legitimidade, incluindo a soberania de seu homólogo, é impossível chegar a um equilíbrio",
disse ele.
No meu pensamento, o equilíbrio tem dois componentes, Kissinger foi citado como dizendo no relatório do WSJ.
"Uma espécie de equilíbrio de poder, com aceitação da legitimidade de valores às vezes opostos. Porque se você acredita que o resultado final do seu esforço tem que ser a imposição de seus valores, então eu acho que o equilíbrio não é possível. Então, um nível é uma espécie de equilíbrio absoluto",
disse ele.
O outro nível, disse ele, é "equilíbrio de conduta, o que significa que há limitações para o exercício de suas próprias capacidades e poder em relação ao que é necessário para o equilíbrio geral".
Em vez de ter uma visão estratégica mais ampla, o atual presidente dos EUA está calculando e tramando contra outros, e o governo dos EUA está se tornando uma grande incerteza para o mundo, disse Lü.
Diao Daming, professor associado da Universidade Renmin da China em Pequim, disse que a mensagem de Kissinger é crucialmente importante, o que mostra que, nos últimos 50 anos, os EUA e a China têm mantido um certo consenso sobre a questão de Taiwan, e o compromisso dos EUA com a China sobre a questão estabeleceu uma importante base política para as relações bilaterais.
"The décadas passadas de experiência nos ofereceram sabedoria hoje",
disse ele, observando que alguns políticos dos EUA não têm sabedoria e flexibilidade no tratamento das relações bilaterais.
Apesar das repetidas advertências da China e das crescentes vozes de oposição da comunidade internacional à provocativa e imprudente viagem de Pelosi, o governo Biden continuou criticando a China, dizendo que ela "exagerou" na viagem.
O coordenador do Indo-Pacífico dos EUA, Kurt Campbell, disse na 6ª feira que "a China exagerou e suas ações continuaram a ser provocativas, desestabilizadoras e sem precedentes", informou a Reuters. Ele também disse que a "intensificação da campanha de pressão" contra a ilha não terminou e "esperamos que continue se desenrolando nas próximas semanas e meses".
Ele também reiterou que os EUA conduzirão os trânsitos aéreos e marítimos padrão através do Estreito de Taiwan nas próximas semanas.
"A recente retórica do lado dos EUA é altamente imprudente e irracional, já que a Casa Branca primeiro adotou uma atitude 'laissez-faire' em relação à viagem de Pelosi, e então alguns políticos pareciam estar felizes com seu resultado, o que é altamente irresponsável",
disse Diao, observando que os EUA deveriam corrigir seus erros e dissipar o impacto negativo da viagem em vez de continuar a apagar as chamas.
Os exercícios militares e atividades de treinamento do Exército Popular Chinês (PLA) ao redor da ilha de Taiwan são mais como "colocar nossas cartas na mesa", disse Lü, observando que enquanto esses navios de guerra ou aeronaves navegarem em 'passagem inocente' sem quaisquer movimentos de provocação ou sem ameaçarem a jurisdição marítima chinesa, a China não terá que tomar medidas decisivas na defesa de sua soberania.
"Se o governo Biden continuar a alimentar as chamas, é provável que leve ao "desequilíbrio" sobre o qual Kissinger fez seu alerta, e afetará ainda mais as relações China-EUA,
afirmou Diao.
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