ITAÚ UNIBANCO - Resultado no 2º Trimestre/2022
Continuidade da boa tendência
Por Rafael Reis, CNPI-P
08.08.2022
O Itaú Unibanco entregou no 2T22 um resultado que consideramos positivo, com lucro líquido recorrente de R$ 7,68 bilhões, equivalente a um ROAE de 20,8%.
Consideramos praticamente todas as dinâmicas positivas, já que os principais detratores do resultado - a queda do resultado de tesouraria e a escalada das despesas com provisões – são tendências setoriais, oriundas respectivamente da sensibilidade da gestão de ativos e passivos ao cenário de juros mais altos e da inadimplência retornando à normalidade sobre um volume e mix de crédito mais arrojado impresso no período pós-pandemia.
Momento.
Em oposição aos resultados que vimos nos pares até o momento no 2T22, o resultado do Itaú nos parece o mais “limpo”, sem auxílio de entrelinhas na DRE para entregar a um ROE na casa dos 20%.
Em nossa leitura, o protagonismo para a performance vem do robusto crescimento da carteira de crédito, que apesar de calcada em linhas mais arrojadas, vem ensejando escalada de inadimplência predominantemente sem sustos.
É fato que não podemos negligenciar itens menos que estelares, como a queda no índice de cobertura, a elevação do custo do crédito como um percentual da carteira, e a fraca expansão do spread, que ainda não mostra a desenvoltura que um cenário de elevação de juros sugere, já que a rotação da carteira ainda não permitiu novos níveis de precificação.
É inegável, porém, que, a despeito dos desafios impostos ao setor, o Itaú extrai um excelente momento, com importantes coadjuvantes como estáveis receitas de serviços e custos controlados.
Perspectivas.
Registrando, em nossa opinião, o terceiro trimestre consecutivo de ótimos números, continuamos otimistas quanto ao cenário para o Itaú. A elevação das projeções próprias (guidance) para o volume de crescimento da carteira de crédito (entre 15,5% e 17,5% ante 9% e 12% anteriormente), que alavanca margem com clientes (entre 25% e 27% ante 20,5% e 23,5% antes) mas penaliza custo do crédito (entre R$ 28 e R$ 31 bi ante R$ 25 e R$ 29 bi anteriormente) reforça o tom de expansão com deterioração sob controle.
Preço-alvo.
Incorporamos os números do 2T22 ao valuation e apresentamos nosso novo preço-alvo de R$ 31,50 para o final de 2023, o que representa um potencial de valorização de 26,35% com base no preço atual. Apesar do upside não tão vultoso como demais pares, que apresentam desconto condizente com momentos de maior incerteza, mantemos a recomendação de Compra para as ações do Itaú, entendendo que existe menor prêmio pelo menor risco.
Destaques do Resultado
> Consideramos positivos:
(i) A carteira de crédito expandida, que cresceu 5% t/t e 19,3% a/a, com contribuição mais destacada do segmento PF.
(ii) A margem financeira com clientes, que expandiu 9,7% t/t e 30,9% a/a.
(iii) As receitas de serviços, que variaram 7,4% t/t e 5,1% a/a.
Com as despesas se expandindo aquém da inflação e as receitas em expansão, o Itaú tornou a registrar o melhor índice de eficiência de sua série histórica.
> Consideramos negativo:
O avanço marginal do custo do crédito como percentual da carteira de crédito anualizado (2,8% ante 2,7% no 1T22).
CONFIRA no anexo a integra do relatório preparado a respeito, elaborado
por RAFAEL REIS, CNPI, analista senior do BB INVESTIMENTOS