Fechamento dos Mercados em 10.09.2020
Externo
Mercados tiveram sessão volátil, com otimismo após BCE, mas indicadores ruins e tensão relativa ao Brexit pesando no humor dos investidores.
► Mercados oscilaram no campo positivo pela manhã, com revisões melhores do BCE p/a economia deste ano no bloco, mas indicadores fracos, frustração com estímulos nos EUA e aumento das incertezas em relação ao Brexit acabaram por reverter os mercados p/ um viés mais cauteloso.
► Nos EUA, os democratas do Senado rejeitaram o pacote fiscal de US$ 300 bi proposto pelos republicanos. A notícia de que mais uma vez não houve acordo no Congresso por novas medidas de estímulo à economia americana reforçaram o humor negativo nos mercados.
► No Reino Unido, o governo fez um comunicado reiterando seu compromisso de implementar o acordo do Brexit negociado com a União Europeia (UE). O comunicado também procurou esclarecer que as medidas estabelecidas pela Lei sobre o Mercado Interno do Reino Unido, a qual a UE acusava de ser um rompimento dos termos firmados no Brexit, estão voltadas p/ criar uma “rede de segurança” com a Irlanda do Norte.
► Por sua vez, Michael Barnier, negociador da UE p/ o assunto, acusou os britânicos de não se engajarem de forma recíproca nas discussões sobre um acordo comercial pósBrexit.
► Bolsas: Em NY, as bolsas voltaram a operar voláteis e encerraram em queda forte, com o mau humor pelo noticiário negativo. O setor de tecnologia voltou a ser destaque de baixa.
► Câmbio: o dólar fechou estável ante o euro e o iene, mas em forte valorização contra a libra, por conta dos imbróglios do Brexit. Entre as emergentes, ficou dividido, embora majoritariamente forte. Destaque p/ a lira turca, que registrou leve recuperação.
► Juros: as yields dos treasuries caíram ao longo de toda a curva. A parte longa passou a cair, após o leilão de US$ 23 bi em T-bonds de 30 anos registrar demanda total abaixo da média recente, com as ofertas indiretas, que representam procura externa, em 62,6%, também abaixo dos 66,1% da média recente.
Mercado Interno
Mercados operaram com viés de cautela na esteira dos ativos globais,
► No Brasil, enquanto os investidores aguardam o andamento da agenda de reformas no Congresso, os mercados seguem influenciados pelo ambiente externo, que abriu no campo positivo, mas reverteu durante a sessão e fechou com viés de cautela.
► Além disso, o Tesouro realizou o maior leilão de LTNs da história, que projetou ainda mais a alta das taxas dos juros futuros. Vale ressaltar essa oferta recorde de 43 milhões de títulos não foi totalmente absorvida, enquanto a maior em termos financeiros (em 13/08) teve 100% das 38,5 milhões de LTNs vendidas, transparecendo que o mercado não está conseguindo acompanhar mais as emissões.
► Outro fator que também exerceu pressão sobre os mercados foi a divulgação do IGPM, que ficou acima das estimativas na primeira prévia de setembro ao subir 4,41%. Pressão mais intensa veio do atacado, com o IPA passando de 1,85% para 6,14% (maior resultado desde julho de 1994)
► Dólar: segue para fechar em leve alta, girando na casa dos R$ 5,31, em linha com o movimento de algumas moedas emergentes e refazimento das posições de proteção cambial (hedge), dado o ambiente de cautela.
► Juros: fecharam em alta relevante, agregando prêmios de risco, em sintonia com o câmbio e, principalmente, em função do leilão recorde de LTNs do Tesouro, reforçado pela divulgação dos dados de inflação acima das estimativas do mercado.
► Ibovespa: fechou em forte queda, perdendo o patamar dos 100 mil pontos, acompanhando as bolsas de NY, em linha com o ambiente global de aversão ao risco. Destaque para a queda das ações da Petrobras, Vale e bancos.
Confira no anexo a íntegra do relatório preparado por ROGER MARÇAL, Macro Estrategista Chefe, MIRELA DE CASTRO RAMPINI e RÔMULO RAMOS ALVES, integrantes do BB-DIMEF/Proje