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Economia e Finanças

18 de Junho de 2020 as 16:06:01



BENS DE CAPITAL - Relatório Setorial - Maio/Junho 2020: O Pior Maio ...


Bens de Capital - Relatório Setorial - Maio/Junho 2020
 
Maio/Junho: pior maio para o setor automotivo desde 1992
 
Em maio, o Ibovespa subiu 8,6% m/m diante das expectativas de reabertura das economias e notícias sobre os avanços no desenvolvimento de vacinas, influenciado também pelo corte de 0,75 p.p. na taxa Selic (para 3,0% a.a.) no início do mês. Apesar da alta volatilidade em cena, vimos o tradicional jargão “sell in May” ser deixado de lado, estabelecendo um precedente de otimismo para junho no mercado de ações.
 
Neste contexto, a maioria dos papéis do setor também se valorizaram, com apenas a FRAS3 (+11,4% m/m) fechando acima do Ibovespa, na expectativa de resultados positivos a serem divulgados em junho.
 
Temporada de Resultados
 
Após a abertura da temporada do 1T20 pela WEG (leia mais em BB-BI - WEG - Resultado 1T20), a agenda seguiu com a divulgação da Iochpe-Maxion em 14/05, cujos resultados foram negativos, em nossa visão, reflexo da grande exposição à Indústria Automotiva (leia mais em BB-BI - Iochpe-Maxion - Resultado do 1T20).
 
No início de junho, tivemos Randon fortemente impactada por não-recorrentes (leia mais em BB-BI – Randon - Resultado do 1T20). Permanecemos na expectativa dos resultados da Tupy previstos para 29/06.
 
Para o cenário doméstico, o Copom reduziu nesta 4ª feira, 17.06, a taxa Selic pela 8ª vez consecutiva, para 2,25% a/a (-0,75 p.p.), batendo novamente a mínima histórica, em linha com as expectativas do mercado e indicando, ainda, a possibilidade de mais um corte a depender da evolução: 
 
(i)  dos impactos da pandemia, e 
(ii) da necessidade de medidas de incentivo ao crédito e recomposição de renda, de acordo com o BC.
 
De acordo com o IBGE, a produção industrial de bens de capital caiu 41,5% m/m e 52,5% a/a em abril, reflexo das paradas fabris causadas pelo Covid-19. A FGV-Ibre destaca Bens duráveis (veículos, eletrodomésticos e móveis) e Bens de Capital (máquinas e equipamentos e caminhões) como categorias que registraram as maiores quedas, respectivamente em 79,6% m/m e 41,5% m/m. A FGV declarou que abril pode ter sido o fundo do poço para a indústria brasileira, e que incertezas econômicas permanecem em voga.
 
Indústria Automotiva.
 
Em maio, a China e a Coreia do Sul permaneceram no campo positivo de vendas de veículos pelo segundo e terceiro mês consecutivo, respectivamente, sinalizando recuperação, cujo fôlego pode ser prejudicado por uma eventual segunda onda de contágio do Covid-19.
 
A China performou acima do esperado pela Anfavea2 (+12% a/a) com alta de 14,5% a/a em maio, diante de vendas online e fortes subsídios de concessionárias que podem instalar uma guerra de preços, segundo a Reuters.
 
No Brasil, em linha com o esperado, as vendas amargaram queda de 75% a/a, o pior maio desde 1992, reflexo da pandemia e a da maioria das atividades ainda paralisadas. A queda de caminhões foi menos expressiva (-47% a/a) se comparada a autoveículos (-74,7%). Ainda, as vendas financiadas de veículos, apuradas pela B3, caíram pela metade na comparação anual, agravando o cenário já impactado por Detrans fechados.
 
As exportações brasileiras recuaram 91% a/a (pior maio desde 1978), em contínuo movimento de recuo como reflexo da desaceleração das economias externas e lockdown de países do Mercosul, como Argentina, que implantou medida de restrição de importação de veículos e autopeças, agravando as condições comerciais Brasil-Argentina.
 
A produção de maio apresentou melhora em relação a abril (menor nível da série histórica desde 1957), porém no comparativo anual caiu 84% a/a (43,1 mil unidades). No acumulado do ano, o balanço reflete o agravamento da crise: quedas de 40% a/a nas vendas e 50% a/a em ambas produção e exportação.
 
O que esperar para junho?
 
A Anfavea espera, incluindo junho, o pior trimestre da história do setor automotivo, apesar do retorno mais efetivo das atividades. A Associação espera uma reação no segundo semestre, e tenta articular auxílios governamentais à indústria, que envolvem pacotes de crédito (BNDES, créditos tributários), adiamentos de obrigações regulatórias do Rota 2030, entre outras medidas.
 
Não obstante, nesta primeira quinzena de junho, vimos as vendas crescendo 81% ante maio e 151,7% ante abril, na comparação quinzenal, segundo a AutoInforme. Tais números não refletem o real volume de vendas veículos, uma vez que, agora que os Detrans estão reabrindo, se tem dado vazão das vendas realizadas desde março, porém não emplacadas.
 
Assim, por hora, conviveremos com divergências de dados e, segundo a Fenabrave, níveis mais elevados tanto de vendas quanto de emplacamentos só serão visíveis quando concessionários e Detrans de todo o País retomarem por completo suas atividades.
 
Projeções para 2020.
 
A Anfavea divulgou novas perspectivas para 2020, diante da melhor visibilidade dos impactos do coronavírus, com queda de 40% nas vendas de veículos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus), um volume estimado de 1,7 mi unidades (ante 2,8 mi em 2019).
 
Tal projeção é 45% menor que a divulgada em Jan/20, e mais agressiva que a queda prevista pela consultoria IHS Markit (-30% a/a) para o Brasil.
 
A projeção considerou que vendas de automóveis tendem a ser as mais prejudicadas pelos efeitos do Covid-19, enquanto que as de caminhões devem cair menos em função da demanda por transporte oriunda de grandes setores.
 
Segundo a Anfavea, não foi divulgado o tamanho do tombo esperado para produção e exportação por falta de visibilidade para o cenário externo, bem como não há projeção para máquinas (veja mais detalhes abaixo), apesar de ser o segmento, até então, ser menos impactado pelo Covid-19.
 
Máquinas e Equipamentos.
 
O único destaque positivo observável em maio foi a elevação de 23,3% a/a nas vendas de máquinas agrícolas e rodoviárias, com melhor acumulado anual desde 2017. Esse bom desempenho se dá em virtude da consistência da demanda doméstica de grandes setores como o Agronegócio, que tem safras recordes previstas para o período segundo a Conab e USDA.
 
A produção caiu 29,5% a/a, a 3,6 mil unidades, em pior maio desde 2000, afetadas pelas medidas de prevenção ao Covid-19 mesmo com fábricas retornando à ativa.
 
As exportações, por sua vez, cresceram entre abril/maio com a retomada de embarques para a Argentina, porém recuam 39,4% a/a, principalmente, segundo a Anfavea, pela redução de vendas de equipamentos de construção aos EUA.
 
A continuidade deste bom desempenho em vendas para 2020, segundo Alfredo Miguel Neto, vice-presidente da Anfavea, dependerá de um Plano Safra 2020/21 que contemple a pronta disponibilidade e suficiência de crédito (Pronaf, Pronamp e Moderfrota) e juros mais alinhados à taxa Selic.
 
Plano Safra 2020/21.
 
Neste contexto, ontem, 17.06, o Governo Federal lançou o Plano Safra 2020/21, que contará com R$ 236,3 bi para pequenos, médios e grandes produtores rurais (+R$ 10 bi que 2019/20). Deste montante, R$ 179,38 bi são destinados ao custeio e comercialização e R$ 56,92 bi para investimentos em infraestrutura.
 
Os recursos serão disponibilizados a partir de 1º de julho por meio de linhas de crédito, sendo: 14% para agricultores familiares (via Pronaf à 2,75% a 4% a.a.), 14% para médios agricultores (via Pronamp à 5% a.a), e 72% para demais produtores e cooperativas, com taxa de 6% a.a. para grandes produtores. A linha Moderfrota, por sua vez, contará com o montante de R$ 6,5 bi a taxa de juros de 7,5% (mais detalhes, acesse Plano Safra 2020/21).
 
Diante deste anúncio, o mercado já sinaliza a expectativa frustrada de que as taxas de juros estivessem mais alinhadas a Selic, o que prejudica a competitividade do setor frente aos pares nacionais, impactando, ao nosso ver, o apetite por investimentos em máquinas agrícolas e rodoviárias do Setor de Bens de Capital destinadas ao Agronegócio.
 
Assim, esperamos que, em breve, as estimativas da Anfavea para máquinas sejam revisadas, contemplando as novas condições de crédito anunciadas pelo Governo, somadas às expectativas de investimentos em infraestrutura de construção e às perspectivas macroeconômicas afetadas pelo Covid-19.
 
Projeções para 2020.
 
No início de junho, a consultoria Power Systems Research atualizou suas projeções para 2020 com recuos de 13% a/a na produção (52 mil unidades), e vendas estáveis a/a (55 mil unidades) para máquinas agrícolas, porém considerando uma redução de 25% na taxa de juros do Plano Safra. Para máquinas e equipamentos de construção, a expectativa da Consultoria é de quedas de 46% a/a na produção e alta de 11% nas vendas, considerando estímulos de infraestrutura, como o PL 4162 do Saneamento. Para ambos, a consultoria projeta avanços para 2021, trazendo uma visão mais positiva sobre o subsegmento.
 
Opinião do Analista.
 
Para junho/julho, acreditamos que os mercados devam reagir positivamente a notícias de aberturas das economias e aquelas relativas aos avanços nos testes de vacinas contra o coronavírus.
 
Ainda, os papéis do setor podem ter potencial valorização diante dos avanços nos auxílios governamentais e da mobilização entre instituições setoriais pró-retomada econômica, bem como pela retomada de pautas setoriais junto ao Congresso, podendo destravar investimentos, em especial de infraestrutura, beneficiando as ações das companhias cobertas
 
Esperamos, ainda, forte volatilidade para o mês, que podem se originar do aumento de tensões político-econômicas, como o acirramento das tensões EUA-China, possíveis novas ondas de infecções do Covid-19, perspectiva do agravamento da desaceleração econômica global, bem como preocupações domésticas de cunho fiscal e econômico, que poderiam exercer pressões negativas nos papéis.
 
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do desempenho do setor de Bens de Capital, elabordo por CATHERINE KISELAR, CNPI, Analista/Equity Research AnalystCNPI, integrante do BB Investimentos

Clique aqui para acessar o aquivo PDF

Fonte: CATHERINE KISELAR, CNPI, Analista/Equity Research Analyst, CNPI, integrante do BB Investimentos





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