Diário de Mercado na 6ª feira, 21.09.2018
Mais clareza no cenário eleitoral impulsiona ativos locais
Comentário.
Após o panorama de indefinição que predominou na véspera, o clima otimista quanto aos ativos domésticos foi renovado na sexta-feira. Internamente, o cenário eleitoral, embora tenha se alterado pouco com a mais recente pesquisa divulgada na quinta-feira à noite, permaneceu no radar, ensejando algum ânimo mesmo com o segundo turno se consolidando em disputa entre um candidato considerado semi-reformista e outro não-reformista, já que foi mantido o prognóstico de ligeira vantagem do primeiro sobre o segundo.
A atmosfera mais favorável – que também direcionou recuo nos juros futuros e no dólar - também contou com sinais positivos vindos do exterior, com bolsas em alta em Nova York, avanço de commodities e arrefecimento na animosidade oriunda da guerra comercial EUA x China.
Ibovespa.
O clima menos árido aos negócios impulsionou uma sessão de ganhos generalizados na B3. A indefinição da véspera deu lugar à montagem de posições mais enfáticas pelos investidores, que digeriram na noite de quinta mais uma pesquisa eleitoral solidificando um segundo turno cada vez mais provável entre um candidato semi-reformista e um não reformista, com modesta vantagem do primeiro em um eventual segundo turno. Destoando da maioria dos setores, o de papel e celulose, fortemente ligado a exportadoras, caiu refletindo a fraqueza do dólar ante o real.
O Ibovespa encerrou aos 79.444 pts (1,70%), acumulando 5,32% na semana, 3,61% no mês, 3,98% no ano e 5,08% em 12 meses. O giro financeiro preliminar da Bovespa foi de R$ 12,96 bilhões, sendo R$ 12,68 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
No dia 19 (último dado disponível), houve ingresso líquido de R$ 280,303 milhões em capital estrangeiro na bolsa, elevando o saldo acumulado em setembro para R$ 335,437 milhões. No ano, há evasão líquida de R$ 2,652 bilhões.
Agenda Econômica.
No Brasil, a inflação medida pelo IPCA-15 relativa ao mês de setembro variou 0,09% na passagem ante agosto, segundo o IBGE. O número surpreendeu positivamente o mercado, não apenas ao desacelerar contra a leitura de agosto (0,13%), mas também vir abaixo das projeções de mercado (consenso: 0,18%). Com isso, a variação em 12 meses atingiu 4,28%, ligeiramente abaixo da leitura do mês anterior (4,30%).
Ainda por aqui, de acordo com o Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados (CAGED – MTE) foram criadas 110.431 vagas de emprego líquidas em agosto, sem ajuste sazonal. O mês foi o 8º consecutivo a gerar vagas positivas, e o volume ficou aquém apenas do mês de abril, quando foram criadas 127.134 vagas, superando inclusive as projeções dos analistas, que aguardavam, na mediana, 60 mil postos de trabalho. No acumulado de 2018, a economia gerou 568.551 empregos, sendo destes 356.852 com carteira assinada.
Câmbio e CDS
A consolidação do segundo turno eleitoral entre candidatos de vertentes opostas, apesar da polarização, reduziu a incerteza, já que recentes pesquisas apontam para ligeira vantagem do candidato tido como semi-reformista sobre o não-reformista, e com isso o dólar devolveu terreno ante o real mais uma sessão, na esteira da desmontagem de hedges.
A divisa norte-americana fechou cotada a R$ 4,0405 (-0,84%), acumulando -3,03% na semana, -0,82% no mês, 22,12% no ano e 28,50% em 12 meses. O risco medido pelo CDS Brasil de 5 anos recuou a 265 pts, versus 276 pts da véspera.
Juros.
Não apenas o clima eleitoral mais otimista exerceu influência sobre os juros futuros, mas também a divulgação do IPCA-15 aquém do esperado contribuiu para a devolução de prêmios, que aconteceu ao longo de toda a estrutura a termo da curva, mas especialmente nas seções intermediária e longa, esta última mais sensível a oscilações de cunho estrutural.
Para a semana.
No Brasil, a semana está especialmente recheada, com indicadores como confiança do consumidor, IED e dívida federal (segunda-feira), ata do Copom (terça-feira), dados do mercado de crédito (quarta-feira), RTI do Bacen e IGP-M (quinta-feira), resultado primário e nominal do setor público consolidado e taxa de desemprego (sexta-feira).
Externamente, nos EUA, destaque para decisão de juros pelo Fomc (quarta-feira), a terceira prévia do PIB, consumo pessoal e pedidos de bens duráveis (quinta-feira) e núcleo do PCE (sexta-feira), dia que também contém o PIB do Reino Unido.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 6ª feira, 21.09.2018, elaborado por RICARDO VIEITES, CNPI, e RAFAEL REIS, CNPI-P, ambos integrantes do BB Investimentos
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