MARFRIG - Resultado 2º Trimestre/2018
Prejuízo, FCL negativo e maior alavancagem
A Marfrig apresentou um resultado pro forma no 2T18, dado a integração de seu novo ativo (a National Beef - considerada a partir de junho) e a venda de Keystone, que está próxima de ser concluída de acordo com a empresa.
Destacamos dois aspectos que impactam negativamente a receita no trimestre:
(i) menores preços médios que afetaram a receita líquida em R$ 478 milhões e
(ii) a greve dos caminhoneiros que impactaram adversamente o abate em 80 mil cabeças de gado.
Mesmo assim, a Marfrig processou 19% a mais a/a, atingindo 1.791 mil cabeças, o que induziu volumes de vendas; ao incorporar os benefícios da valorização do dólar, a receita líquida consolidada aumentou 21% a/a, para R$ 9,9 bilhões, em base pro forma.
Margens e bottom line.
Observamos um crescimento de 16% a/a nos custos, principalmente decorrente
(i) do aumento no abate,
(ii) preços mais altos do gado na comparação anual e
(iii) custos relacionados à greve dos caminhoneiros.
Além disso, o maior volume de vendas e o aumento das despesas de mercado impulsionaram as despesas que aumentaram 42% a/a. A empresa também reportou uma despesa relacionada ao Funrural que totalizou R$ 616 milhões.
Portanto, o EBITDA foi de R$ 275 milhões. Excluindo os efeitos de despesas não recorrentes, que incluem a despesa do Funrural, o EBITDA ajustado (pro forma) totalizou R$ 918 milhões (+ 87% a/a), com margem de 9,2%. Quanto ao resultado, maiores despesas financeiras combinadas com um dólar mais forte resultaram em um prejuízo líquido de R$ 582 milhões (operação continuada).
Opinião do analista.
A empresa está em processo de integração e disponibilizou um release com uma nova estrutura para suas divisões: América do Norte e América do Sul (Brasil, Uruguai e Argentina, onde a empresa reiniciou suas operações).
Mais uma vez, destacamos como positiva a decisão da empresa de focar no segmento de bovinos, para o qual existe um cenário positivo considerando a oferta favorável de gado, e investindo nos EUA, onde há uma demanda nacional e internacional consistente.
Em relação ao segmento de carne bovina no Brasil, ressaltamos que a recuperação econômica doméstica tem se mostrado lenta, o que limita ainda mais a melhora no consumo. Por outro lado, destacamos como positivo o fornecimento favorável de gado e volumes consistentes exportados que melhoraram o spread de exportação.
Dito isto, ainda estamos otimistas com as próximas sinergias da integração da National Beef, bem como o possível processo de geração de valor e desalavancagem que deve vir pelo fechamento das transações (venda da Keystone e integração da National Beef).
Segundo a empresa, a Marfrig está se esforçando para concluir as duas operações no curto prazo. Portanto, embora a venda esteja demorando mais do que o esperado, permanecemos alertas quanto a novos desdobramentos sobre o assunto antes de revisitar nosso preço alvo para a Empresa com novas estimativas.
Assim que tivermos todos os acordos liquidados, divulgaremos novas estimativas incorporando valores da National Beef e introduziremos novo preço alvo em conformidade.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do desempenho da MARFRIG no 2º trimestre/2018, elaborado por LUCIANA CARVALHO, Analista Sênior do BB Investimentos.