Diário de Mercado - 23.04.2018
Aversão ao risco no exterior é abrandada com commodities e noticiário corporativo
Resumo.
Em uma sessão de agenda econômica fraca tanto em âmbito internacional quanto doméstico, os mercados oscilaram refletindo piora do clima nos negócios no exterior, e também a novidades no âmbito corporativo.
Por aqui, sem maiores novidades no radar e ainda com o nebuloso cenário eleitoral, a bolsa brasileira se aderiu à norte-americana, que sofreu modesta realização puxada especialmente por empresas dos setores financeiro e de tecnologia.
Enquanto isso os mercados de juros e câmbio foram pressionados por uma generalizada valorização do dólar em âmbito global, tendo como pano de fundo elevação do rendimento dos treasuries norte-americanos frente à visão de mercado de possibilidades crescentes de uma escalada mais impetuosa dos juros por lá.
Ibovespa.
O índice demonstrou trajetória errática ao longo do pregão. Ausente de maior direcionador, o Ibovespa terminou por tomar o rumo imposto pelos negócios nos EUA, inclusive com as piores performances trazidas pelo setor financeiro, assim como lá.
A queda por aqui, entretanto, foi amortecida por conta de um clima menos desfavorável em decorrência de notícias corporativas como a oferta de aquisição da Somos Educação pela Kroton, em um negócio de mais de R$ 4,5 bilhões, e também o IPO da Notre Dame Intermédica, com as ações desta estreando na bolsa com valorização de mais de 20%.
Também a virada do preço do petróleo ao final da sessão colocou a Petrobras no campo positivo, o que ajudou a afugentar uma pior performance no ponderado.
O índice encerrou aos 85.602 pts (+0,06%), acumulando avanço de 0,28% no mês, 12,04% no ano e 34,26% em 12 meses. O giro preliminar da Bovespa de R$ 8,82 bilhões, sendo R$ 8,52 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
Na 5ª feira 19.04, último dado disponível, houve ingresso líquido de capital estrangeiro – o oitavo dos nove últimos pregões – de R$ 290,37 milhões na bolsa, elevando os saldos do mês e do ano para R$ 2,962 bilhão e R$ 3,00 bilhões, respectivamente.
Agenda Econômica.
A prévia dos índices dos gerentes de compras (PMIs) para abril de diversas regiões foi divulgada. Em ambos França e Zona do Euro os números mostraram não apenas desaceleração ante a prévia de março (53,4 vs 53,7 e 56,0 vs 56,6 respectivamente) como também vieram ligeiramente aquém das expectativas (53,5 e 56,1).
Já na Alemanha, a desaceleração foi modesta (58,1 vs 58,2 em março), o que superou as projeções (57,5).
Por fim, o mesmo indicador nos EUA teve a mesma dinâmica da Alemanha: uma pequena desaceleração (56,5 vs 55,6) o que denotou um número melhor do que era estimado pelo mercado (55,2).
Câmbio e CDS.
O dólar comercial (interbancário) registrou a terceira apreciação consecutiva, acompanhando generalizado fortalecimento da divisa no exterior. A justificativa para o movimento se dá por conta de uma percepção de possibilidade de escalada mais íngreme dos juros por lá ainda esse ano, dada a dinâmica econômica em andamento.
Ante o real a moeda fechou cotada a R$ 3,4483 (+1,05%), e atingiu no intraday a cotação de R$ 3,4509 – o patamar mais alto desde dezembro de 2016.
Risco País. O risco medido pelo CDS Brasil 5 anos subiu a 170 pts ante 169 pts de 6ª feira.
Juros.
O forte avanço do dólar e dos rendimentos dos treasuries norte-americanos exerceram influência firme sobre os juros futuros, que avançaram ao longo de toda a extensão da curva futura.
Ainda que os dados recentes de inflação possam ensejar que existiria espaço para um novo corte na Selic na próxima reunião do Copom, tal leitura passa a ficar prejudicada, já que a recente escalada da cotação do dólar pode comprometer a análise, ao ser provável a transmissão de alguma pressão de preços oriunda do cada vez mais elevado patamar da divisa ao mercado brasileiro.
Para a Terça-feira.
A agenda econômica enfraquece sensivelmente, trazendo de relevo apenas no Brasil ao índice de confiança do consumidor da FGV, a inflação semanal pelo IPC-Fipe e a arrecadação de impostos – sendo este último em uma provável janela de divulgação que pode chegar até a 6ª feira, 27.04.
No exterior, nos EUA, a divulgação dos dados de venda de casas novas.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 2ª feira, 23.04.2018, elaborado por RICARDO VIEITES, CNPI, e AFAEL FREDA REIS, CNPI-P, ambos da equipe do BB Investimentos