Diário do Mercado na 6ª feira, 13.04.2018
Temor com noticiário do final de semana derruba Ibovespa
Resumo.
Encerrando uma semana de volatilidade, o mercado acionário brasileiro se retraiu ante cautela dos investidores com provável noticiário sensível em âmbito doméstico e externo no final de semana.
Domesticamente, às vésperas da divulgação de pesquisa Datafolha sobre intenções de voto – a primeira após a prisão do ex-presidente Lula – a negativa leitura do mercado é que, diante de 19 nomes presidenciáveis, fique evidente para os agentes uma possível fragmentação de legendas consideradas favoráveis à agenda de reformas estruturais, que diluiriam votos e chances de alcançar o segundo turno.
Catalisando o movimento de aversão ao risco, o clima externo piorou, já que, segundo rumores, é possível que ocorra ao longo do final de semana um ataque militar dos EUA à Síria.
Ibovespa.
Refletindo o mau-humor dos investidores, a abertura do índice já foi no vermelho. À tarde, prejudicado pelas baixas acentuadas de bancos e da Petrobras, o movimento de queda foi ampliado. A Vale, opostamente, favorecida por melhora na cotação do minério de ferro na China, observou alta no dia.
O Ibovespa encerrou aos 84.334 pts (-1,30%), acumulando -0,57% na semana, -1,21% no mês, 10,38% no ano e 34,23% em 12 meses. O giro preliminar da Bovespa foi de R$ 8,872 bilhões, sendo R$ 8,503 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
Na 4ª feira, 11.04, último dado disponível, houve ingresso líquido de capital estrangeiro de R$ 546,26 milhões na bolsa, o que levou os saldos do mês e do ano novamente para o campo positivo, em R$ 421,8 milhões e R$ 464,19 milhões, respectivamente.
Agenda Econômica.
No Brasil, o volume de serviços prestados avançou 0,1% em fevereiro ante janeiro, segundo o IBGE. Os serviços profissionais e administrativos, que avançaram 1,7% no período foram os únicos a ficar em terreno positivo, e foi sozinho responsável pelo agregado positivo, enquanto todos os demais subitens recuaram. No acumulado ano contra ano o recuo foi de 2,2%, o que frustrou a expectativa dos analistas, e referenda o sentimento de que o primeiro trimestre ficou, em termos de atividade, aquém do esperado.
Câmbio e CDS.
O clima de maior aversão ao risco externo foi capturado pelo mercado cambial, com o dólar se fortalecendo ante a maioria das divisas de economias emergentes.
Graças também ao imbróglio eleitoral brasileiro, o real foi destaque de perdas ante a moeda norte-americana, que encerrou cotada a R$ 3,4227 (+0,60%), acumulando 2,81% na semana, 3,66% no mês, 3,45% no ano e 8,78% nos últimos 12 meses. O risco medido pelo CDS Brasil 5 anos se elevou a 168 pts, ante 166 pts da véspera.
Juros.
A 6ª feira trouxe ligeiras altas ao longo da estrutura a termo da curva de juros, em uma semana onde predominou a estabilidade dos vértices curtos e médios. A escalada da tensão geopolítica entre EUA e Síria, e comercial entre o primeiro e a China, assim como o nublado panorama político doméstico pressionaram, no entanto, a parte longa, que encerrou a semana em alta.
Para a próxima semana.
A agenda econômica traz de relevo, majoritariamente EUA e China. No primeiro, será conhecidos números da produção industrial e vendas no varejo, além de dados do setor imobiliário e o Livro Bege.
Além disso estão previstos discursos de 7 dos 10 membros do Fed, o que pode continuar calibrando apostas quanto à dinâmica monetária por lá . No segundo, também produção industrial e vendas no varejo serão destaque, mas é o PIB do 1T18 que direcionará os negócios.
Domesticamente diversos indicadores de inflação, com destaque para o IPCA-15 de abril. Além disso, a atividade econômica (IBC-Br) de fevereiro deve permanecer reafirmando a gradual retomada econômica.
Confira no anexo a integra do relatório de análise do comportamento do mercado na 6ª feira, 13.04.2018, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, e RAFAEL FREDA REIS, CNPI-P, ambos da equipe do BB Investimentos.