Relatório Focus - 22.05.2017
2017 e 2018: mercado em “compasso de espera” - só inflação cedeu
O relatório semanal Focus do Banco Central, que traz a mediana das projeções de mercado, não apresentou variações significativas em suas projeções para os indicadores, tanto para 2017, como para 2018.
Tão somente a inflação ao consumidor registrou leve recuo para os dois períodos supracitados.
Após o imbróglio político da semana passada, os agentes resolveram esperar para saber qual caminho deverá ser seguido, visto que a aversão ao risco mensurada pelo CDS Brasil de 5 anos avançou rapidamente.
O PIB parou em um “patamar psicológico” de +0,50% e os juros ficaram estacionados pela sexta semana consecutiva, para este ano.
Enfim, aguardam-se desdobramentos das questões políticas domésticas, bem como alguma sinalização da questão envolvendo a postura do congresso norte-americano em relação ao presidente Donald Trump, que viajou ao exterior.
IPCA tranquilo.
A trajetória se manteve cadente, mesmo que de mínima magnitude, pela décima primeira semana sucessiva. O indicador acumulou 1,10% no primeiro quadrimestre de 2017, sendo a mais baixa inflação para este período desde o início do plano Real, depois de 1994.
Na próxima terça-feira, dia 23, será divulgado o IPCA-15 de maio (considerado como uma prévia para o indicador fechado do mês), esperando-se uma taxa em torno de 0,20%, reduzindo este índice acumulado no ano para baixo de 4,0%.
Mais uma vez, agora, independentemente ainda de alguma influência da elevação da taxa de câmbio no curto prazo, a inflação tende a se aproximar de 3,0% até agosto próximo, mantendo amplo espaço para a redução da taxa básica de juros.
SELIC inalterada.
A taxa permaneceu estacionada em 8,50% a.a. pela sexta semana para 2017 e pela nona semana para 2018. A expectativa de inflação declinante é a tônica para o indicador.
O IPCA acumulado em 12 meses estará abaixo de 4,0% em maio e prosseguirá em tendência declinante no curto prazo.
Vale lembrar que a taxa real de juros ex-ante (projetada) circunda atualmente 4,4% pelo Focus, mas, poderá ser menor este ano, não se descartando deste modo a possibilidade de uma taxa Selic inferior a 8,0% ainda para este ano - no momento, mantemos nossa expectativa em 8,25% a.a.
Apesar da turbulência política da semana passada, mantemos nossa expectativa de redução pelo Copom, em sua decisão em 31 de maio próximo, de 125 pts-base, para 10,00% a.a., dado que a política monetária é o único instrumento que pode ser implementado, em detrimento da “travada” política fiscal.
A depender das circunstâncias futuras, esta magnitude de diminuição poderá ser alterada nas próximas resoluções, assim como o período de duração do ciclo de redução.
Vale ressaltar que parte do mercado, que já havia aderido a este tamanho de corte, retornou para a perspectiva de baixa de 100 pts-base.
PIB melhorou.
A taxa de crescimento, que veio paulatinamente se recuperando, parou no consenso anterior de +0,50% para 2017, neste momento. Já para 2018, encontra-se em +2,50% pela nona semana ininterrupta.
Síntese
a) O IPCA arrefeceu a 3,92% para 2017 (3,93% antes) e a 4,34% (4,36% antes) para 2018.
b) A taxa Selic situa-se em 8,50% tanto para 2017, como para 2018.
c) A taxa de câmbio cedeu levemente a R$3,23 (R$3,25 antes) e ficou em R$3,36 para 2018.
d) O PIB se manteve em +0,50% para 2017 e +2,50% para 2018.
e) O CDS (Credit Default Swap) brasileiro de 5 anos (CBIN) disparou para 247 pts (19/mai), versus 203 pts da semana anterior (12/mai).
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do Boletim Focus emitido pelo Banco Central, análise preparada por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, e RAFAEL FREDA REIS, CNPI, ambos do BB Investimentos