Diário do Mercado na 5ª feira, 18.05. 2017
Bolsa registra volume recorde de negociações:
R$ 24,783 BI e cai 8,8% para 61.597 pontos
Questões políticas domésticas se sobressaem e bolsa realiza com força,
mas houve amenização em Nova York
Resumo.
Os agentes avaliaram que pairam incertezas sobre o mercado doméstico. Na noite de 4ª feira, houve divulgações não comprovadas de denúncia envolvendo o governo, com o STF agora autorizando abertura de inquérito.
O receio do mercado é que a adversidade da questão do tempo se sobressaia, visto que, mesmo que ainda subsistisse alguma possibilidade de haver sequência no processo das reformas, a postergação de seu encaminhamento, por si só, já tornaria menos factível suas aprovações.
Neste primeiro momento, pelo sim, pelo não, os investidores optaram por se retrair e houve firme realização na bolsa brasileira, o dólar subiu e as taxas de juros futuros (DIs) avançaram.
O estresse foi tamanho que, no final da tarde, o presidente Michel Temer fez um pronunciamento público e negou veementemente quaisquer implicações e não renunciou à Presidência da República, como até alguns membros da imprensa chegaram a veicular que aconteceria.
Enfim, assim como ocorreu na véspera uma agitação política nos Estados Unidos, na qual falou-se até de impeachment do presidente Donald Trump, hoje foi a vez do Brasil.
Ibovespa.
Reagindo exageradamente ao imbróglio político ventilado pela imprensa, o Ibovespa atingiu o limite máximo de oscilação diária logo no início da sessão, quando então o chamado circuit breaker (travamento temporário dos negócios) foi acionado.
Ao longo do dia, no entanto, os ânimos foram se recompondo e o mercado teve uma leve recuperação.
Com a queda generalizada de praticamente em todos os setores, com exceção daqueles fortemente expostos à exportações, como papel e celulose, além de mineração, o benchmark da bolsa brasileira findou aos 61.597 pts (-8,80%), com giro financeiro preliminar em R$ 24,783 bilhões da Bovespa, sendo R$ 24,289 bilhões no mercado à vista.
Agenda Econômica. No âmbito inflacionário doméstico, a segunda prévia do IGP-M de maio mostrou uma deflação de 0,89% ante o mês de abril. O dado foi considerado positivo ao vir aquém das projeções dos analistas, cuja média apontava para -0,81%.
Câmbio e CDS.
O dólar comercial (interbancário) disparou na sessão em reação ao noticiário político doméstico. Ainda que o Bacen tenha efetuado intervenções no mercado cambial, a investida não foi suficiente para conter o ímpeto dos investidores em busca da moeda, considerada um porto mais seguro em época de incertezas.
Ao final da sessão a divisa findou aos R$ 3,3850 (+8,04%).
Risco País
O CDS brasileiro de 5 anos também oscilou bruscamente, refletindo o incremento de aversão ao risco do investidor quanto a Brasil, orbitando neste momento os 266 pts, tendo atingido mais de 280 pts no intraday, versus 206 pts na véspera.
Juros.
Com o incremento da animosidade do mercado doméstico houve avanço nos vencimentos ao longo de toda a estrutura a termo da curva de juros.
Para a 6ª feira.
Os ecos do panorama político doméstico devem permanecer pautando os negócios. Na agenda econômica estão previstos domesticamente a confiança industrial pela CNI e a arrecadação de impostos.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na conturbada 5ª feira 18.05.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, Analista Senior, e RAFAEL REIS, CNPI-P, Analista, ambos do BB Investimentos.