Diário do Mercado na 4ª feira, 29.03.2017
Investidores se animam favorecidos pelo exterior e apostando em contingenciamento brando no Brasil
Resumo.
A trégua nas preocupações advindas do exterior deu espaço para os agentes ajustarem seus posicionamentos quanto aos rumos do cenário interno.
Até o fechamento do mercado, os agentes ainda aguardavam a divulgação por parte do governo do plano de contingenciamento para a cobertura do déficit de R$ 58,2 bilhões para este ano - lembrando que o déficit fiscal já estimado déficit fical é de R$139 bilhões para 2017.
Com especulações que as medidas não incluiriam aumento de impostos, o que poderia prejudicar ainda mais a incipiente reação econômica em andamento, o mercado rearmou posições em Brasil e o que se viu foi um dia pautado pelo otimismo nos mercados de renda variável, câmbio e juros.
Até o fechamento desta edição, no entanto, medidas ainda não haviam sido anunciadas.
Ibovespa.
Com a elevação do apetite ao risco por parte do investidor estrangeiro e melhores prognósticos com o panorama doméstico, especialmente com o front fiscal, a bolsa denotou otimismo.
Com a recuperação dos preços das commodities no mercado externo, impulsionando as ações da Vale e, especialmente, da Petrobras, além de contar a boa performance do setor bancário, viu-se a sexta alta consecutiva do índice doméstico e volume transacionado acima da média.
O Ibovespa findou aos 65.528 pontos (+1,37%), com giro financeiro preliminar da Bovespa em R$ 9,71 bilhões, sendo R$ 9,46 bilhões no mercado à vista.
Capital Estrangeiro na Bolsa
No último dado disponível (27/mar), houve retirada de R$ 45 milhões de capital estrangeiro da bolsa brasileira, que totaliza em março saída líquida de R$ 3,27 bilhões. Em 2017, o ingresso líquido de capital externo na Bovespa soma R$ 3,62 bilhões.
Agenda Econômica.
No Brasil, o Volume do Setor de Serviços (IBGE) apurado em Janeiro recuou 2,2% em relação a dezembro, com quatro das cinco categorias apresentando queda, com destaque para o item Serviços Profissionais, que teve retração de 14,5% na margem mensal. No comparativo contra janeiro de 2016, a baixa dos serviços foi de 7,30%, versus consenso de mercado em -4,5%.
Divulgado pelo Bacen, dados de crédito relativos ao mês de fevereiro foram considerados positivos pelos nossos analistas. A carteira de crédito total do SFN recuou marginalmente, a R$ 3,070 trilhões, ante R$ 3,074 trilhões no mês de janeiro.
Já a inadimplência recuou ligeiramente, passando a 5,9% de 6,0% em janeiro e já mostrando alguma melhora já pelo segundo mês consecutivo, talvez desenhando a reversão de um pico.
Os spreads também mereceram destaque, ao crescerem e atingirem o maior patamar desde março de 2011, o que reflete um custo de captação dos bancos em queda mais rápida do que o retorno dos empréstimos a menores juros iniciados com a queda da Selic.
Câmbio e CDS.
Refletindo a melhora no humor dos investidores com o mercado doméstico, o real ganhou terreno ante o real. No interbancário, a moeda findou a sessão cotada aos R$ 3,1170 (-0,73%). O CDS brasileiro de 5 anos, oscilava aos 229 pts ante 231 pts da véspera.
Juros.
Houve viés de queda ao longo de toda a estrutura a termo da curva de juros, Influenciada especialmente pela melhora do humor no doméstico, com os agentes no aguardo do plano de contingenciamento do governo, mas, também, otimistas com os dados a serem divulgados no Relatório Trimestral de Inflação do Bacen, previsto para esta quinta-feira, que pode elevar ainda mais as apostas na manutenção do benigno ciclo de afrouxamento monetário em andamento.
Para amanhã.
Além de reagir ao contingenciamento, em caso de seu efetivo anúncio, possivelmente corrigindo parte da alta vista na sessão, os agentes se debruçarão sobre a intensa agenda econômica.
Os destaques incluem o Relatório Trimestral de Inflação do Bacen, que poderá balizar novas apostas na dinâmica da política monetária, bem como, inflação pelo IGP-M, Vendas no Varejo, Índice de Atividade Econômica do Bacen e Resultado Primário do Governo Central.
Confira no anexo a integra do relatório de análise do comportamento do mercado na 4ª feira, 29.03.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, Analista Senior, e RAFAEL REIS, CNPI-P, Analista, ambos do BB Investimentos
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