Diário do Mercado na 4ª feira, 19.10.2016
Bacen iniciou ciclo de corte de juros baixando Selic a 14,0% a.a., sinalizando confiança nos fronts econômico e fiscal
Hamilton Moreira Alves, CNPI-T
Rafael Freda Reis, CNPI-P
No Brasil, o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros (Selic) em 25 ptsbase, para 14,00% a.a., sem viés, em votação unânime.
Ainda que amplamente aguardado pelo mercado após um comunicado que deixava aberta a janela para tal movimento na ocasião de seu último encontro em 31/08, bem como a melhoria de todos os fatores considerados relevantes para a decisão do colegiado, a decisão referenda o viés de retomada econômica. Embasado em um arrefecimento da inflação e com aparente confiança da autoridade monetária em avanços no front fiscal.
Em comunicado a autoridade destacou os riscos em relação à dinâmica inflacionária:
“Por um lado,
(i) o processo de aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia é longo e envolve incertezas;
(ii) o período prolongado com inflação alta e com expectativas acima da meta ainda pode reforçar mecanismos inerciais e retardar o processo de desinflação;
(iii) há sinais de pausa recente no processo de desinflação dos componentes do IPCA mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, o que pode sinalizar convergência mais lenta da inflação à meta; e por outro lado,
(iv) a inflação mostrou-se mais favorável no curto prazo, o que pode sinalizar menor
persistência no processo inflacionário;
(v) o nível de ociosidade na economia pode produzir desinflação mais rápida do que a refletida nas projeções do Copom;
(vi) os primeiros passos no processo de ajustes necessários na economia foram positivos, o que pode sinalizar aprovação e implementação mais céleres que o antecipado”.
Bolsas no Exterior
Os mercados acionários mundiais operaram com ligeira tendência de alta, refletindo alguns dados econômicos divulgados hoje amplamente em linha com suas estimativas, mas, não afetando a bolsa brasileira. Também, houve alguma influência de balanços corporativos mornos e performances de diversas praças auxiliadas por uma nova valorização do petróleo.
Ibovespa
Por aqui o Ibovespa não seguiu o exterior e, apesar de ter principiado o dia em alta, cedeu e encerrou aos 63.605 pts (-0,43%), acumulando +2,81% na semana, +8,80% no mês, +46,50% no ano e 33,85% em 12 meses.
Capitais Externos na Bolsa
No último dado disponível (segundafeira, 17/10) houve entrada de recursos estrangeiros líquidos na bolsa brasileira da ordem de R$ 572 milhões, dando continuidade ao bom volume recebido no mês de outubro, que agora totaliza R$ 2,83 bilhões, e inflando o total de 2016 a R$ 15,87 bilhões.
Agenda Econômica
Na agenda econômica (pg.3 do anexo), domesticamente, o volume de serviços prestados (IBGE) apresentou na leitura de agosto uma retração de 3,9% em relação ao mesmo mês de 2016.
Não obstante o dado tenha sido o pior para o mês de agosto em toda a série histórica e também abaixo do consenso de mercado (-2,9%), o que se observou foi um número um pouco melhor do que o registrado em julho 2016 ante julho 2015, que foi um recuo de 4,5%.
China
Externamente, nesta madrugada, dados da China sugeriram uma parada na desaceleração econômica.
O PIB da segunda maior economia do planeta registou, no acumulado dos últimos 4 trimestres findos em setembro, um crescimento de 6,7% - nível em torno do qual encontrava-se já no trimestre passado e em linha com o aguardado pelo mercado.
Como fator negativo pesou a produção industrial, que recuou a 6,1% em setembro no comparativo anual, desacelerando dos 6,3% registrados em agosto, e abaixo das estimativas de mercado, que esperavam variação de 6,4%, contraposta, porém, pelas vendas no varejo, que subiram 10,7% no mesmo período ante 10,6% na leitura do mês passado, embora dentro do estimado pelos agentes.
Juros
No mercado de juros, o dia foi de recuo ao longo de toda a estrutura a termo da curva de juros, especialmente vigoroso na ponta mais longa. Com os agentes elevando suas apostas em um corte mais agressivo da Selic ao longo do dia - fato que não se confirmou - deverá a sessão de amanhã trazer possivelmente alguma correção.
Câmbio
Câmbio completa valorização de 20% em 2016 neste 19.10
No mercado de câmbio (interbancário), o dólar norte-americano fechou cotado a R$ 3,1670 (-0,44%), acumulando agora variações de -2,58% no mês, -20,05% no ano e de -18,57% em 12 meses.
O CDS (Credit Default Swap) Brasil 5 anos findou em 263 pts, versus 266 pts do fechamento ontem.
Confira no anexo a íntegra do relatório sobre o comportamento do mercado na 4ª feira, 19.10.2016, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, e RAFAEL FREDA REIS, CNPI-P, do BB Investimentos