Diário de Mercado na 2ª feira, 22.08.2016
Incertezas, movimento do petróleo e expectativas com Yellen trouxeram realizações, com volume abaixo da média do mês
Hamilton Moreira Alves, CNPI-T
e Rafael Freda Reis, CNPI
Estiveram no radar dos agentes nesta segunda-feira:
i) internamente, as incertezas em relação ao campo fiscal;
ii) a reversão da cotação do petróleo e, finalmente,
iii) a cautela dos agentes que estão no aguardo do discurso da presidente do Fed Janet Yellen, agendado para a próxima sexta-feira, dia 26.09, no distrito de Jackson Hole (EUA).
O Ibovespa encerrou a sessão em significativa queda, finalizando aos 57.781 pts (-2,23%). O índice agora acumula +0,83% no mês, 33,29% no ano e +26,38% em 12 meses.
O giro financeiro da Bovespa foi fraco - tão somente R$ 5,91 bilhões, cerca de 14% inferior à média deste mês, de R$ 6,84 bilhões (excluindo o dia 17, de vencimento de índice futuro e de opções sobre o índice à vista). Já o volume apurado no mercado à vista foi de R$ 5,72 bilhões.
No dia 18 (último dado disponível), houve evasão líquida de capital externo da ordem de apenas R$ 20 milhões da Bovespa, com o acumulado negativo do mês atingindo R$ 888 milhões, mas, o saldo no ano acumulou positivos R$ 16,37 bilhões.
A realização no pregão desta 2ª feira, 22.08, veio mais forte devido não apenas ao incremento da cautela dos agentes a nível global, mas, também, à súbita queda da cotação do petróleo, que desfavorece países produtores, bem como, contribuiu para a valorização do dólar no mercado internacional.
Na agenda econômica (pg.3 do anexo), sem grandes destaques nessa sessão, ganhou espaço o relatório semanal Focus do Bacen. Na mediana das projeções do mercado coletadas esta semana ficou mais evidente a melhora no sentimento capturada pelos agentes para o próximo ano, já que para 2016 os números já estão praticamente “dados”.
Não apenas a inflação estimada retraiu mais uma vez, de +5,14% para +5,12% como o crescimento do PIB elevou-se de +1,10% para +1,20%. Faz-se importante observar que tal projeção, no início do ano encontrava-se em tão somente +0,86%, ao passo que a produção industrial, que na mesma data era projetada em +1,98%, agora encontra-se ainda inferior, em apenas +1,05%, mesmo tendo melhorado em relação ao dado de +0,75% da semana anterior. Ou seja, entendemos que à medida que as projeções da produção industrial continuarem progredindo, a expectativa para o PIB se expandirá para 2017 e será externalizada ainda ao longo deste segundo semestre, provavelmente para valores próximos de 2% de crescimento.
Câmbio e Juros Futuros
No mercado de câmbio, o Bacen manteve o ritmo mais brando nas intervenções nos leilões de swap cambial reverso de dólar, ofertando 10.000 contratos A divisa norte-americana hoje avançou frente à maioria das moedas de emergentes, ajudando com isto a deprimir ainda mais a cotação do petróleo.
No âmbito doméstico, no entanto, após o fechamento das bolsas europeias a moeda foi gradativamente perdendo terreno perante o real e encerrou cotada a R$ 3,2010 (-0,12%), e acumula agora -1,26% no mês, -19,19% no ano e -8,36% em 12 meses.
No mercado de juros futuros, refletindo internamente os ainda elevados receios quanto ao front fiscal, somados ao recuo no apetite por risco oriundo do mercado externo, todos os vencimentos ao longo da estrutura a termo da curva de juros avançaram, embora em uma sessão de reduzida liquidez. Já o CDS brasileiro de 5 anos ficou quase inalterado hoje, passando a 255 pts, contra 253 pts na sexta-feira.
Mercados Externos
Nos mercados estrangeiros, na Ásia, mercados sem direção definida, com os agentes na expectativa do grande driver do momento – a sinalização ou não do aumento das Fed rates por parte de Janet Yellen em discurso a acontecer na sexta-feira no simpósio de Jackson Hole, nos EUA - além de discurso do presidente do Bank of Japan, a acontecer amanhã, que ganha relevância pelo fato da autoridade ter denotado na semana passada espaço para mais retração nas já negativas taxas de juros da economia nipônica.
Na Europa também bolsas majoritariamente com sinais mistos, na esteira de retração de empresas ligadas a energia, com a queda do petróleo, mas contrapostas por boa performance daquelas ligadas ao setor financeiro.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 2ª feira 22.08.2016, elaborado por Hamilton Moreira Alves, CNPI-T e Rafael Freda Reis, CNPI, analistas de investimentos do BB Investimentos
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