Discurso de Goldfajn e alívio externo trazem otimismo ao mercado doméstico e pressionam dólar.
O Ibovespa encerrou a sessão desta 3ª feira em queda, aos 50.006 pts (+1,55%), passando a acumular +3,17% no mês e 15,36% no ano. O giro financeiro da Bovespa foi de R$ 5,83 bilhões.
No dia 24 (último dado disponível), houve saída de capital externo da ordem de R$ 682,7 milhões na Bolsa, que acumula agora saldo positivo de R$ 1,16 bilhão em junho, e ingresso líquido de R$ 12,63 bilhões no ano.
Na agenda econômica (pg.3 do anexo), destaque absoluto para o Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central, que foi sucedido de entrevista coletiva de seu novo presidente, Ilan Goldfajn. No relatório, ajustes pequenos em magnitude, mas relevantes para uma melhor compreensão das estratégias da autoridade monetária e da dinâmica das variáveis macroeconômicas.
O relatório, considerando as variáveis Taxa de Câmbio em um patamar projetado de R$ 3,45 e Selic no atual patamar de 14,25% a.a., ajustou a projeção de inflação para o final de 2016 em 6,9% (anterior: 6,6%) e para o final de 2017 em 4,7% (anterior: 4,5% - o centro da meta).
O PIB de 2016 projetado pelo Bacen apresentou melhora (-3,3% contra -3,5% anteriormente) , a primeira após uma série de revisões negativas. Em discurso, dois pontos destacados por Ilan foram destaque: o primeiro sinalizou um viés previamente farejado pelo mercado, de uma maior tolerância a oscilações do câmbio, embora não descartando instrumentos de controle, e o segundo, uma postura considerada mais restritiva, denotando, apesar da paulatina redução da inflação no comparativo ano contra ano, pouco espaço para afrouxamento monetário através de cortes na Selic no curto prazo.
Na agenda internacional, a inflação medida pelo PCE nos EUA no primeiro trimestre de 2016 avançou 0,2%, ante estimativas de mercado em 0,3%, enquanto o núcleo do PCE, que exclui itens voláteis como alimento e energia, avançou 2,0%, ante estimativas de 2,1%.
Ainda nos EUA, o PIB no primeiro trimestre, a valores anualizados, cresceu 1,1% A/A, superando ambas a primeira e segunda estimativas, respectivamente em 0,5% e 0,8%. Os dados, embora relevantes, não trouxeram surpresas suficientes para movimentar o mercado.
Câmbio e Juros Futuros
No mercado de câmbio, o dólar norte -americano atingiu o menor patamar dos último 11 meses perante o real, refletindo um alívio pontual quanto ao Brexit, com autoridades monetárias mundiais reafirmando seus compromisso com a manutenção da dinâmica econômica em suas jurisdições, e o discurso de Goldfajn, que sugere uma menor intervenção cambial por parte do Bacen – algo que pode deixar livre o caminho para a divisa desvalorizar -se perante o real em um cenário de manutenção da Selic e postergação do aumento das Fed Rates. A divisa finalizou a sessão desta terça -feira cotada no interbancário a R$ 3,3010 (-2,68%) , muito próxim a da mínima do dia.
O CDS de 5 anos do Brasil (medida de risco -país) acompanhou a melhora do pano de fundo brasileiro nesta sessão e recuou , chegando a 334 pontos ante 347 pontos na véspera.
No mercado de juros futuros na BM&F, embalado pelo discurso restritivo de Ilan, tivemos um dia de elevação nos vencimentos curtos, mas retração nos vencimentos mais longos, refletindo o viés de um controle inflacionário mais enérgico através da manutenção da Selic, e ainda favorecido pela possível retração do dólar.
Nos mercados estrangeiros, na esteira dos supracitados posicionamentos de autoridades monetárias de diversas economias, e também de reafirmações de autoridades políticas em relação à manutenção de “boa vizinhança” por parte da Europa com o dissidente Reino Unido, a sessão foi marcada majoritariamente por otimismo nas bolsas mundiais, após dois dias de queda que sucederam o traumático referendo que culminou no Brexit.
Confira no anexo a íntegra do relatório sobre o comportamento do mercado na 3ª feira, 28.06.2016, elaborado por RENATO ODO, CNPI-P, e FAFAEL FREDA REIS, CNPI, analistas de investimento do BB INVESTIMENTOS.
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