Diário do Mercado na 6ª feira, 24.06.2016
Incerteza gerada pelo Brexit trouxe pânico aos mercados
A decisão dos britânicos de deixar a União Europeia (UE) nesta 6ª feira - o Brexit venceu no referendo por 51,89% contra 48,11% dos defensores da permanência - provocou um dos dias mais frenéticos no sistema financeiro global desde a crise financeira de 2008.
O que se viu durante a madrugada e no início do dia nos principais mercados pode ser resumido como pânico, gerando demanda por ativos considerados mais seguros ederrubando com força as bolsas mundo afora.
Na Ásia, o índice Nikkei (Tóquio) caiu 7,92%, aos 14.952 pontos. Em Hong Kong, o índice HANG SENG caiu 2,92%, aos 20.259 pontos.
Na Europa, o índice FTSE100 (Londres) recuou 3,15%. Em Frankfurt, o índice DAX perdeu 6,82% e o CAC-40 (Paris) caiu 8,04%.
A Libra1 registrou perda recorde e chegou a cair mais de 11% em relação ao dólar. O índice do dólar sobre uma cesta de moedas (que inclui a libra esterlina) subiu 2,15%.
Queda o Petróleo
Na esteira da valorização do dólar, a commodities também caíram. O petróleo tipo Brent em Londres recuou 4,91%, a 48,41 dólares por barril.
Nos EUA, os principais índices de ações chegaram a recuar mais de 2% na abertura.
Apesar da abertura em queda livre, os mercados foram aos poucos se estabilizando com a perspectiva de novos estímulos de bancos centrais estrangeiros e até mesmo a possibilidade do Federal Reserve (FED) postergar o aumento de juros, já em dúvida em função da inflação ainda abaixo da meta do banco.
BMF Bovespa
O Ibovespa abriu em queda de mais de 3,5%, pressionada principalmente pelas ações ligadas a commodities (Petrobras ON; R$ 11,43; -5,15%), Vale (Vale PN; R$ 12,20; -8,96%) e siderúrgicas (Cia Siderurgica Nacional; R$ 7,37; -8,79%). Dos 61 papéis que compõem o índice, apenas dois (Estacio e Kroton) não caíram.
O índice fechou em baixa de 2,82%, a 50.105 pontos, com volume de R$ 5,7 bilhões. O dólar reduziu bastante a alta perante o real, depois de chegar a subir 3,15%, na abertura. Em nota, o Banco Central informou que vai monitorar os mercados financeiros e que, caso necessário, "adotará as medidas adequadas para manter o funcionamento normal dos mercados financeiro e cambial", o que reduziu a alta.
No mercado de juros futuros, os contratos mais longos subiram forte durante a manhã, acompanhando de perto a alta do dólar e do CDS (que subiu 20 bps, a 341 pontos), mas reduziram a alta no decorrer da sessão.
Já os contratos mais curtos passaram a cair, já que o mercado passou a precificar um adiamento do aperto monetário nos EUA. Ao término da negociação regular, o contrato de DI para janeiro de 2017 fechou em 13.69%, de 13.74% no ajuste anterior (-5 bps). O DI para janeiro de 2018 terminou em 12.62%, de 12.65% no ajuste anterior (-3 bps). O DI para janeiro de 2022 fechou em 12.5%, de 12.45% (+ 5ps).
Passado o susto inicial, a próxima semana será de suma importância para se avaliar o impacto do Brexit sobre a economia global. Uma recuperação das perdas de hoje, principalmente nos mercados emergentes já a partir da segunda-feira, pode ser considerada um cenário provável.
Nota (1): O Reino Unido optou por manter a Libra Esterlina e deixou de adotar o Euro quando de sua entrada na UE União Europeia.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do Mercado na 6ª feira, 24.06.2016, elaborado por FÁBIO CESAR CARDOSO, CNPI-P., analista de investimentos do BB INVESTIMENTOS.
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