PETROBRAS
Resultados no 3º Trimestre de 2015
16.11.2015
Despesas Financeiras Líquidas devido às mudanças no câmbio
Nos resultados do 3º trimestre, a Petrobras apresentou uma perda líquida de R$ 3,8 bilhões em razão de maiores despesas financeiras, principalmente. De acordo com a Empresa, o impacto da variação cambial sobre o lucro líquido foi negativo em R$ 5,2 bilhões.
Em razão da contabilização de hedge em balanço, a apreciação em dólares representou um efeito negativo de R$17,7 bilhões no patrimônio líquido.
Top Line permaneceu em linha com o consenso a R$ 82,2 bilhões, uma queda de 6,9% no período, refletindo o menor volume vendido (-6,1%).
Os resultados operacionais foram o destaque positivo devido às margens mais elevadas de produtos derivados do petróleo e aumento das exportações de petróleo bruto.
Dinâmica de Upstream e Downstream.
Os Resultados Operacionais em E & P foram influenciados pelos preços mais baixos do petróleo. A receita líquida deste segmento caiu para R$ 27 bilhões, ante R$39 bilhões no ano passado. CPV permaneceu estável em ~R$ 20 bilhões, ao passo que o levantamento de custos em termos de dólares diminuiu 12% no trimestre.
Quanto Refino, a premissa de paridade de preços tem produzido resultados positivos desde o último trimestre de 2014. No 3º trimestre/2015, este resultado operacional do segmento veio positivo em R$ 4,5 bilhões devido a maiores margens na venda de combustível no Brasil e aumento das exportações de petróleo bruto. Embora positivo, figuras teses também foram influenciados negativamente pela one-offs relacionados com impostos sobre o rendimento das subsidiárias no exterior da Petrobras.
A Questão da Dívida.
Diante dos impactos da elevação do câmbio, a dívida bruta em termos reais brasileiros chegou a R$ 507 milhões (+ 22% face ao trimestre anterior). A dívida líquida aumentou para R $ 402 milhões (+ 24%), representando uma dívida líquida sobre EBITDA de 5,2x (de 4,6 no 2T).
Em termos de dólares norte-americanos, a dívida líquida caiu 3% no trimestre, para US $ 101 bilhões.
Na conferência de imprensa, gestão reforçou algumas iniciativas no sentido de uma solução para reduzir o endividamento da Petrobras, como venda-leaseback de FPSOs, com prazos e custos favoráveis.
A Empresa também reconhece que algum tipo de reestruturação da dívida poderá ser encaminhada para reduzir a concentração de obrigações no período até 2019.
Alterando as Previsões de Desinvestimento para 2016.
Quando a Petrobras anunciou em outubro uma revisão parcial na porção 2015-16 de seu plano de negócios mais abrangente (BP 2015-19), desinvestimentos foram transferidos para 2016. Consideramos a venda de ativos como a projeção mais desafiadora da BP.
A Petrobras manteve a sua intenção de elevar para US$15,1 bilhões o montante de seus desinvestimentos, ao final de 2016. Mas o montante para este ano foi reduzido para US$ 0,7 Bilhões, a partir de USD 3 mil milhões anteriormente estimados.
Dada a sua dinâmica histórica EV-cap mercado (gráfico na parte inferior-direita), destravar o valor de alguns ativos non-core implica neste momento na percepção de um risco maior, conforme a Empresa tenta equilibrar sua necessidade de caixa e desalavancagem através do programa de desinvestimento, sem deixar todo o upside (possibilidade de valorização) para os potenciais compradores.
Implicações.
Foram netros os Resultados da Petrobras no 3º trimestre/2015. Apesar de um resultado operacional mais resistente influenciada pela paridade de preços em downstream, um par de eventos pontuais (REFIS - Programa de impostos brasileiros) e os impactos cambiais sobre as despesas financeiras levou a empresa a uma perda líquida que possa prejudicar a distribuição de potencial de dividendos aos acionistas .
Depois que a companhia havia anunciado (até o final de setembro) uma subida de preços nas refinarias portões, as ações começaram a [logo] reagir a esta notícia positiva, mas os investidores têm sido ainda preocupado com a desalavancagem vai para a frente, especialmente devido ao desinvestimento-dependência.
A Administração afirmou que a Empresa quer ter uma posição de caixa superior, a fim de garantir cobertura para impactos cambiais e também para manter mais liquidez.
Após o anúncio de redução do capex, a Petrobras começou a ser questionado sobre se sua meta de produção será mantido. Até agora, os números permanecem os mesmos em 2,1 mbpd em 2015 e de 2,2 mbpd em 2016 suportado por uma maior produtividade proveniente de campos do pré-sal.
Acreditamos que este capex inferior, juntamente com curva de produção inalteradas, pode reduzir a necessidade de refinanciamentos mais caros daqui para frente, especialmente no próximo ano.
Os riscos de baixa para a tese de investimento permanecem na execução do programa de desinvestimentos e fluxo de caixa operacional pressionados pelos preços mais baixos de petróleo no longo prazo.
Destaques operacionais
- Custo de elevação (excluindo os impostos de produção): -12% no trimestre
- As importações de petróleo bruto: -31% no trimestre
- Produção de electricidade: 12% no trimestre
- O volume de diesel: -9% face ao período homólogo
- O volume de vendas de gasolina: 12% em termos homólogos
Confira no anexo a íntegra do relatório sobre o desempenho da PETROBRAS, no 3º trimestre/2015, elaborado por WESLEY BERNABE, CNPI, analista de investimento do BB INVESTIMENTOS.